Cinco sessões técnicas movimentaram o segundo dia da 25° Semana de Tecnologia Metroferroviária, evento promovido pela Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô, em São Paulo.
Com auditórios lotados, as apresentações abordaram assuntos diversos, a começar pela importância da inovação no âmbito do transporte metroferroviário. Na sessão intitulada “Gestão para inovar e transformar negócios”, representantes do Metrô Rio e da Aquila, empresa internacional de consultoria, fomentaram a discussão sobre formas para implementação de soluções inovadoras neste mercado.
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“Esse é um tema recorrente e está diretamente ligado à tecnologia, que é uma grande mola propulsora para a inovação. A forma de se fazer negócio nos dias de hoje está em constante transformação. Estima-se que, no ano que vem, teremos cerca de 3 bilhões de dispositivos conectados no globo, o que mudará radicalmente a forma de as empresas negociarem”, disse Luciano Gomes, consultor da Aquila.
Para ele, pensar em formas inovadoras para lidar com essas mudanças pode ser considerado um fator fundamental no crescimento econômico da sociedade, uma vez que ajuda a criar mais competitividade.
Dentro deste contexto, Cristiano Mendonça, Diretor de Manutenção do MetrôRio, reforçou que “um clique” de inovação é capaz de transformar a forma como as pessoas se locomovem e agem. Prova disso é o Metrô do Rio de Janeiro, maior sistema metroviário sob gestão privada do país.
“A inovação está em nosso DNA e algumas de nossas ações recentes demonstram isso, como os programas de descontos tarifários e as parcerias com outras empresas de mobilidade, como a Uber”, apresentou.
A digitalização de pagamentos e um cartão de recarga online foram outras iniciativas que fizeram com que o meio de transporte caísse nas graças dos mais de 900 mil passageiros que utilizam o metrô da capital carioca diariamente.
Para finalizar a sessão, os especialistas apresentaram o programa de eficiência operacional que o MetrôRio desenvolveu em parceria com a Aquila, com a finalidade de analisar e aumentar a produtividade da mão de obra da manutenção.
“Este trabalho trouxe resultados relevantes que se traduzem em diversos indicadores, como a diminuição de hora extra e de consumo de materiais, bem como a ampliação da disponibilidade e satisfação do consumidor, atingindo o nosso objetivo de buscar fazer mais, com menos”, concluiu Luciano Gomes.
O VLT na reconstrução dos centros urbanos
Com o objetivo de discutir o papel dos Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como reformulador de toda a rede de mobilidade e ampliador da competitividade dos centros urbanos, a segunda sessão do dia foi coordenada por Ayrton Camargo, Diretor Adjunto da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô.
“A crise da mobilidade afeta a sociedade como um todo e precisamos olhar a tecnologia do VLT como uma solução eficiente para os problemas decorrentes da mobilidade ineficiente, que podem impactar diretamente a economia”, disse.
Entre as vantagens deste tipo de transporte, Ayrton Camargo destacou que ele ajuda a melhorar o desenvolvimento e a qualificação urbana, bem como a logística local. Além disso, a modalidade se apresenta como um dinamizador da infraestrutura e do setor imobiliário, ajudando a atenuar os vazios urbanos.
Para dar ênfase a esses pontos, foram apresentados dois casos de sucesso: o do VLT Carioca, no Rio de Janeiro, e o do VLT da Baixada Santista, em São Paulo.
Com 12 quilômetros de extensão e 29 estações, que conectam o centro com a área portuária da cidade, o VLT do Rio de Janeiro transporta cerca de 85 mil passageiros por dia.
Anie Amicci, Gerente do Departamento de Mobilidade Urbana do BNDES, explicou que o projeto levou em consideração algumas motivações principais, como o potencial de renovação urbana (Porto Maravilha), o potencial de integração intermodal, a confiabilidade e regularidade dessa modalidade, o baixo nível de ruído e zero emissões locais, bem como a capacidade de transporte compatível com a demanda esperada.
Já João Paulo Rodrigues, do Departamento de Monitoração da Qualidade Operacional da EMTU de São Paulo, apresentou as características do VLT da Baixada Santista, região composta por nove municípios. Operando desde 2016, o modo é tido como um instrumento de reformulação da mobilidade.
“Ele interage com a cidade de muitas maneiras, sendo estratégico na recuperação de áreas urbanas degradadas e na potencialização do desenvolvimento em seu entorno. Além disso, ele é mais barato tanto do ponto de vista do custo de km X passageiro, quanto no custo total ao longo da vida útil”, concluiu João Paulo Rodrigues.
Luiz Alberto Fioravante, Secretário de Mobilidade e Acessibilidade de Sorocaba, também participou da sessão e apresentou o projeto que está em fase de implantação na cidade.
Quando concluído, o VLT sorocabano terá 24 quilômetros de extensão e 28 estações. “Estamos mudando o conceito de transporte de Sorocaba e o nosso principal desafio neste sentido é fazer com que o poder público entenda que o VLT não é mais caro se comparado ao Bus Rapid Transit (BRT). Na verdade, o custo operacional deste meio pode ser muito melhor”, finalizou.
Em paralelo às apresentações citadas acima, a 25° Semana de Tecnologia Metroferroviária sediou uma Sessão Internacional sobre o impacto da tecnologia no transporte urbano.
Coordenado por Ana Lúcia Lopes, Jornalista e Diretora da Revista Sobretrilhos, o momento contou com quatro palestrantes:
- Alan Camillo, Consultor de Big Data;
- Carlos Eduardo Silva, Gerente de Novos Negócios e Serviços do Metrô de São Paulo;
- Márcio Francesquine, Adido do Consulado do Canadá;
- Peter Alouche, Consultor e Diretor Adjunto da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô.
Melhores práticas na operação e manutenção metroferroviárias
Focado em oferecer um serviço cada vez melhor aos passageiros, o departamento de Operação e Manutenção das companhias metroferroviárias têm adotado novos tipos de serviço, tecnologias de sistemas e metodologias de gestão para otimizar o desempenho do transporte metroferroviário.
Para falar sobre o assunto, o evento da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô recebeu especialistas do Metrô de São Paulo, da CPTM e do CCR Metrô Bahia.
Luiz Eduardo Argenton, Operação e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), abriu a sessão ressaltando algumas das ações mais recentes da empresa.
Atualmente, a CPTM apostou no remanejamento de trens e readequação da frota de acordo com a necessidade operacional, bem como evoluiu nas ações de segurança. “Aumentamos em 37,8% o número de apreensões de comércio ambulante e ampliamos em 160% as ações de combate à comercialização fraudulenta de Bilhete Único”, contou.
Outro ponto forte dentro da companhia é o treinamento contínuo. Nos últimos meses, a CPTM realizou treinamentos de reboque trem-trem, de encarrilhamento de trens em locomotivas e de inspiração nos trilhos. Este último, teve como objetivo demonstrar uma prática que já é exercida no Metrô de São Paulo.
Inclusive, Milton Gioia Junior, Diretor de Operações do Metrô de São Paulo, deu continuidade às apresentações reforçando o entrosamento e trabalho realizado em conjunto entre as duas empresas.
“Esse esforço mútuo entre nós e a CPTM refletem em resultados positivos para a população da Grande São Paulo”, pontuou. Na sequência, Milton Gioia Junior apresentou alguns dos programas de melhores práticas que estão sob os cuidados do departamento. São eles: modernização e atualização de sistemas, inovação e melhoria contínua, automação e uso de BI, descentralização de processos, programa de liderança e de engajamento das equipes, investimento na comunicação, entre outros.
Para encerrar, Leonardo Henrique Balbino, Gestor de Atendimento da CCR Metrô Bahia falou sobre um dos grandes focos do Grupo CCR: priorizar o atendimento de qualidade, para que o cliente utilize os serviços da empresa não apenas por precisar, mas por reconhecer que aquele é o melhor serviço disponível.
“Uma das medidas adotadas recentemente no Metrô Bahia neste sentido é a Gestão à Vista. Colocamos um painel em todas as estações, terminais, centros de operações e outras áreas da empresa, para divulgar os nossos indicadores mensais. Com isso, todos os colaboradores passaram a ter uma visão geral do que está acontecendo, o que facilitou a identificação dos aspectos a serem melhorados no serviço prestado”, concluiu.
Genetec destaca sistemas de vídeos que vão além da segurança
A Genetec, líder em videomonitoramento IP, apresentou uma palestra sobre sistemas de vídeos que são capazes de melhorar a eficiência operacional e a redução de custos.
Conduzida por Fábio Juvenal Ferreira, Gerente Comercial da empresa para Cidades & Infraestruturas, a apresentação foi feita em parceria com a RealNetworks e complementou o que a companhia já está destacando na área de exposição da 25° Semana de Tecnologia Metroferroviária.
Integrado com o Reconhecimento Facial SAFR da RealNetworks, a Genetec apresenta em seu estande alguns serviços relacionados à contagem de pessoas, identificação de ambulantes, autenticação de usuários que possuem passes gratuitos ou especiais, entre outros.
“O sistema de Reconhecimento Facial SAFR integrado ao Security Center da Genetec permite ampliar a segurança operacional da malha ferroviária com a identificação de suspeitos, rastreamento de objetos, detecção de invasão de áreas, controle da densidade de usuários nas plataformas, além de poder amenizar as fraudes no uso dos bilhetes, ao identificar o perfil de idade e gênero de quem aguarda o transporte”, explicou Fábio Juvenal Ferreira.
Segundo ele, a tecnologia é capaz de alcançar 99,86% de precisão, o que permite o dimensionamento com sobreposições de vídeo ao vivo, marcadores, alertas automáticos e notificações.
“Com o SAFR for Security integrado ao Genetec Security Center, a equipe de segurança da rede metroferroviária não está mais limitada ao monitoramento de grades de câmeras de vídeo e ao exame tedioso de vídeos gravados após os eventos já terem ocorrido, podendo também reprocessar vídeos para análises forenses”, concluiu.
Alamys promove sessão internacional sobre receitas não tarifárias
A última sessão técnica do dia foi realizada pela Associação Latino-Americana de Metrôs e Subterrâneos (Alamys) e teve como objetivo apresentar visões inovadoras sobre estratégias comerciais que potencializam as receitas não tarifárias dos operadores.
Na ocasião, Fernando Reyes, Subgerente de Negócios, do Metrô de Santiago, Eduardo Jorge Pereira, Diretor de Planejamento e Novos Negócios da CPTM e Érica Peticco, Diretora Operativa de Qualidade do Serviço ao Usuário dos Subterrâneos de Buenos Aires, discutiram a necessidade buscar iniciativas para ter novos fluxos de receita e assim alcançar a desejada sustentabilidade financeira.
Em Santiago, por exemplo, Fernando Reyes destacou que a receita não tarifária é fundamental para o modo que, por isso, há uma necessidade estratégica de desenvolver serviços que tragam este retorno financeiro, especialmente até 2023, quando serão acrescentadas duas novas linhas ao sistema de metrô local.
As principais frentes de atuação da cidade atualmente são a publicidade, o mix comercial, serviços de telecomunicações e os empreendimentos imobiliários.
De forma geral, os palestrantes reforçaram a oportunidade atual de injetar recursos não tarifários no sistema, seja através de projetos próprios ou em alianças com empresas privadas, onde é possível melhorar as receitas incorporando outros negócios para gerar, além de receita, um aumento na satisfação do cliente e uma experiência de viagem integral.