Grupos armados e violentos estão agindo em trens urbanos de linhas que passam pelo Alto Tietê. Os bandidos atacam nos últimos vagões, com menos pessoas, e nos últimos horários. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil, que atende as linhas 11-Coral e 12-Safira, há relato de agressões a funcionários também.
Não é só isso que mostra o crescimento da violência nas estações ferroviárias. Com a economia em crise e a diminuição na produção de moeda, agentes têm sido agredidos por dificuldade em dar troco.
Um arrastão foi registrado na linha 11-Coral na última sexta-feira à noite. É o primeiro caso do gênero nesta linha, segundo o Sindicato, mas não é algo inédito na região. Há, pelo menos, três meses, esses assaltos coletivos acontecem nos últimos vagões das composições que circulam pela linha 12-Safira, que atende Poá, Itaquaquecetuba e bairros do extremo leste da Capital. “Esses casos têm sido rotineiros na linha 12, nos últimos carros, nos últimos horários. Eles escolhem esses carros porque as pessoas dão preferência pelos vagões próximos às escadas para facilitar a saída. Os bandidos escolhem os últimos porque têm menos gente. Este caso chamou atenção porque teve coronhada e há relatos de agentes feridos. Os bandidos foram audaciosos”, disse Sônia Marques Silva, da diretoria executiva do Sindicato.
O que chama a atenção é que a ação, investigada pela Polícia Civil de Ferraz de Vasconcelos, local onde ocorreu o arrastão, é que tudo ocorreu entre as 20 e as 21 horas, período mais cedo do que costuma acontecer na linha 12-Safira. As câmeras de segurança da estação devem contribuir na busca da identidade dos autores dos roubos.
As 25 pessoas assaltadas relataram que três marginais, um deles armado, levaram celulares e dinheiro. Eles teriam fugido pela linha férrea, segundo o boletim de ocorrência.
O consultor em segurança pública e privada Jorge Lordello destaca que ações do tipo costumam ser feitas por jovens. “Em geral, os criminosos são menores ou jovens. Isso é reflexo de uma diminuição de idade no perfil dos marginais. Antes, os assaltantes tinham, em média, 30 anos. Essa idade caiu para menos de 20 anos. Alguns assaltam a partir dos 11. Esses arrastões se caracterizam por assaltos rápidos e focam nos celulares, que são os objetos mais roubados na atualidade no Brasil. É porque eles sabem que as pessoas não carregam mais dinheiro como antes, elas aderiram aos cartões”, analisou Jorge Lordello.
Números
Não há números divulgados sobre ocorrências do tipo, porém, o Sindicato deve oficiar a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em busca de números oficiais e dados mais detalhados sobre ações criminosas dentro das estações ferroviárias do Alto Tietê. “A nossa intenção é ter esses dados em mãos para pensar as próximas etapas em busca de uma solução para esses crimes”, acrescentou Sônia.
Agressões
Segundo o Sindicato, alguns relatos de agressões verbais ou físicas chegaram de funcionários das linhas 11-Coral e 12-Safira da CPTM. O motivo? A falta de troco. “Ao que parece, por causa da crise, a Casa da Moeda tem deixado de fazer muita moeda, o que dificulta a circulação delas, trazendo complicação para o troco, por exemplo. Algumas pessoas não entendem e partem para a agressão. Isso é bem complicado e requer atenção por parte da empresa”, alegou Sônia.
Fonte: O Diário de Mogi