A empresa ferroviária estatal da China, China Railway, anunciou um aumento significativo nas tarifas das principais rotas de alta velocidade, junto com a introdução de assentos premium, como parte de um esforço para reduzir sua dívida acumulada de US$ 859 bilhões. A mudança faz parte de uma reestruturação tarifária nas quatro principais rotas de alta velocidade, com aumentos de aproximadamente 20% nas tarifas-base e a introdução de descontos dinâmicos baseados na demanda.
Um exemplo notável é a rota Xangai-Hangzhou, onde as tarifas para assentos de classe executiva subiram de 219,5 yuans (US$ 31) para 306 yuans, enquanto os preços da primeira e segunda classe também foram ajustados. No entanto, a China Railway afirma que os preços reais podem ter descontos de até 45%, dependendo do horário e da demanda.
A nova estrutura de preços adota um modelo semelhante ao utilizado pelas companhias aéreas, com tarifas mais altas para horários de pico e descontos em horários de menor demanda. Na prática, uma análise feita pelo “Nikkei Asia” revelou que mais de 50% das tarifas na rota Wuhan-Guangzhou aumentaram após a reformulação, enquanto apenas 5% caíram.
Além dos ajustes tarifários, a China Railway introduziu um novo tipo de assento premium de primeira classe, que é cerca de 40% mais caro que a primeira classe padrão, oferecendo mais conforto e acesso aos lounges de classe executiva.
Essas medidas surgem em meio a um contexto econômico desafiador, com consumidores chineses cada vez mais atentos aos preços devido à desaceleração da economia. A dívida colossal da China Railway, impulsionada por uma expansão agressiva de sua rede ferroviária, exige ações para melhorar a lucratividade da empresa. Em 2023, a empresa registrou uma receita operacional de 1,2 trilhão de yuans, mas o lucro líquido foi de apenas 3,3 bilhões de yuans, após anos de perdas significativas durante a pandemia de COVID-19.
A expansão massiva da rede ferroviária da China, que atingiu 159 mil quilômetros em 2023, incluindo 45 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade, tem gerado preocupações sobre a viabilidade econômica de alguns trechos. Estações em áreas menos movimentadas, como a de Dandong, no nordeste da China, estão praticamente desertas, refletindo uma possível falta de planejamento adequado.
Apesar dos desafios financeiros, a China Railway continuará investindo na expansão da rede ferroviária. Um plano de desenvolvimento de infraestrutura prevê que a rede de alta velocidade do país cresça em mais 8 mil quilômetros até 2027, atingindo um total de 53 mil quilômetros.