Pesquisa indica que 50% dos roubos de bicicleta não levam a Boletim de Ocorrência

Um levantamento feito pelas organizações de cicloativistas Ciclocidade, Aromeiazero, Aliança Bike, Instituto CicloBR, Bike é Legal e Vá de Bike mostra que 50% das pessoas que tiveram bicicletas roubadas ou furtadas não fazem boletim de ocorrência, pois considera o processo de registro de boletim de ocorrência burocrático e demorado.

Em três semanas, 331 pessoas da capital, da região metropolitana e do interior paulista que tiveram bicicletas furtadas ou roubadas, foram ouvidas por meio de questionário e o resultado foi a descoberta que 51,1% das vítimas não fez boletim de ocorrência. Um terço das pessoas ouvidas tiveram a bicicleta roubada em 2016 e as demais, em anos anteriores.

O número supera a estimativa de subnotificações da Secretaria da Segurança Pública para crimes de subtração de bicicleta. Em reunião de grupo de trabalho com cicloativistas, a Secretaria da Segurança Pública informou que trabalha com perspectiva de 30% de subnotificações. O resultado do levantamento foi entregue à Secretaria da Segurança Pública pelos cicloativistas.

Entre as pessoas que não registram ocorrência, 62,1% afirmaram que não o fizeram “porque não adiantaria nada” e 29,7% “porque é muito demorado e burocrático”. Segundo Albert Pellegrini, membro da Ciclocidade e um dos coordenadores do grupo de trabalho da Secretaria da Segurança Pública, disse em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo que o objetivo do levantamento era descobrir o que impede as pessoas de registrarem boletim de ocorrência. “O resultado é o que esperávamos: as pessoas ou não acreditam na polícia ou acham que não vai dar em nada. A realidade é maior do que os números.”

Campanha de esclarecimento 

A Secretaria da Segurança Pública informou que a inclusão do número de série de bicicletas nos boletins de ocorrências possibilitou à Polícia Militar verificar se as bicicletas em poder de suspeitos foram roubadas ou furtadas. Isso se tornou possível também para o cidadão, desde 25 de janeiro deste ano, pelo site da Secretaria da Segurança Pública: Consulta Bicicleta (http://www.ssp.sp.gov.br/consultabicicleta). Segundo a secretaria, o campo já teve cerca de 6,3 mil acessos desde a criação.

“A ideia veio de um grupo de trabalho, composto por autoridades e cicloativistas”, afirma o governo estadual. No dia 16 de março, houve reunião desse grupo e “se definiu que os cicloativistas farão campanha de divulgação entre os associados para que registrem as ocorrências de modo a reduzir subnotificação e permitir a identificação de pontos críticos”. Também se propôs “campanhas para que registrem o número de série das bicicletas nos boletins de ocorrência e, principalmente, para que não comprem peças e bicicletas de origem duvidosa, denunciando locais irregulares”.

Como agir

Em caso de roubo de bicicleta sem agressão física e em via pública, é possível registrar boletim de ocorrência na delegacia eletrônica (www.ssp.sp.gov.br/nbo). Informando o número de registro (chassi), é possível rastrear o dono da bicicleta na hipótese de apreensão do objeto.

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