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sexta-feira, março 29, 2024

São Paulo tem em média 50 ônibus quebrados por dia, mais de 2 por hora

Quem usa o transporte público municipal para se dirigir diariamente ao trabalho ou a escola já passou possivelmente pela situação do ônibus quebrar no meio do caminho. Dados obtidos com base na Lei de Acesso à Informação mostram que 8.949 ônibus estruturais (carros grandes) apresentaram defeitos ou problemas na cidade de São Paulo, no primeiro semestre deste ano. Foram em média 49,17 veículos por dia – mais de dois por hora.

De janeiro a junho de 2016, quebraram mais ônibus do que o total da frota que está nas ruas todos os dias – 8.800, segundo dados atualizados da SPTrans, autarquia responsável por coordenar o transporte público da capital.

No mesmo período, 957 milhões de passageiros usaram o serviço e mais de R$ 2,3 bilhões foram repassados pela prefeitura às concessionárias do sistema estrutural, conforme a SPTrans.

“Em nenhum lugar do mundo há este número de ônibus quebrados por dia como em São Paulo. É assustador e denota a maior necessidade de manutenção e atenção também com nossas vias, que são esburacadas e malfeitas”, diz o especialista em trânsito Luiz Celio Bottura.

“Os problemas nos ônibus acabam gerando engarrafamentos e a atrapalhando ainda mais o trânsito. Não há manutenção preventiva e falta fiscalização por parte dos órgãos públicos”, aponta o engenheiro, que já atuou como conselheiro da SPTrans.

A SPTrans informou que “o contrato com as empresas exige manutenção preventiva e que o plano é entregue à autarquia, que realiza auditorias semestrais para verificar a sua execução”. Conforme a prefeitura, “na atual configuração do sistema, as empresas são remuneradas por passageiro transportado” e o contrato é pelo serviço prestado, incluindo o trabalho do motorista e do cobrador.

Em 6 de setembro, um ônibus com problemas mecânicos acabou colidindo com um micro-ônibus na Avenida Doutor Gentil de Moura, no bairro do Ipiranga, Zona Sul. O acidente acabou envolvendo mais 10 veículos e deixou três feridos. Moradores e comerciantes relatam serem frequentes problemas com ônibus na região.

E os casos de enguiço pelo caminho subiram no primeiro semestre de 2016. O número total de veículos com defeito durante o percurso em 6 meses deste ano é 2,3% superior ao mesmo período de 2015, quando 8.720 ônibus apresentaram falhas e defeitos durante o transporte de passageiros. “Eu considero o número de 50 ônibus quebrando por dia, em uma frota de 8 mil, inaceitável, e reflete a maneira amadora como tratamos o assunto”, explica Luiz Celio Bottura.

MÉDIA DE ÔNIBUS QUEBRADOS EM SP

Consórcio 7
Média de ônibus quebrados por dia: 11,82
Índice em relação à frota diária: 0,71%

Consórcio Unisul
Média de ônibus quebrados por dia: 10,2
Índice em relação à frota diária: 0,84%

Consórcio Plus
Média de ônibus quebrados por dia: 7,92
Índice em relação à frota diária: 0,6%

Via Sul
Média de ônibus quebrados por dia: 6,73
Índice em relação à frota diária: 0,87%

Ambiental S.A.
Média de ônibus quebrados por dia: 4,41
Índice em relação à frota diária: 1,77%

Consórcio Bandeirante
Média de ônibus quebrados por dia: 2,87
Índice em relação à frota diária: 0,3%

Consórcio Sudoeste
Média de ônibus quebrados por dia: 2,75
Índice em relação à frota diária: 0,33%

Sambaíba
Média de ônibus quebrados por dia: 1,97
Índice em relação à frota diária: 0,16%

Express
Média de ônibus quebrados por dia: 0,5
Índice em relação à frota diária: Não divulgado

Total (Média de ônibus quebrados por dia): 49,17

Divisão da cidade

Para licitar o transporte municipal, a SPTrans dividiu a cidade em 8 grandes áreas fora do Centro. O Consórcio 7 lidera dentre as concessionárias com o maior número de ônibus com defeito: foram 11,82: um a cada duas horas. O consórcio, formado pelas Viações Campo Belo, Gatusa, Transkuba Transportes Gerais e VIP Transportes Urbanos, é responsável por parte da Zona Sul da capital, incluindo Santo Amaro, Capão Redondo, Jardim Ângela e parte do Itaim Bibi.

Em seguida, com maior número de quebra por dia, estão o Consórcio Unisul (10,2 carros) e Consórcio Plus (7,92). Elas foram contratadas para oferecer o deslocamento do cidadão nas regiões Sul e parte da Leste de São Paulo, respectivamente.

Já o Sambaíba, que atua em parte da região Norte da capital (incluindo Casa Verde, Jaçanã, Mandaqui, Santana, Tucuruvi e Vila Maria), foi o consórcio que mais apresentou aumento no número de ônibus quebrados: alta de 33% no primeiro semestre de 2016 em relação a 2015.

Em seguida está o Consórcio Plus, com alta de 24,85% em problemas nos carros nas regiões do Cangaíba, Penha, Ermelino Matarazzo, Lajeado, Itaim Paulista e São Miguel.

Já em relação à frota total de carros que coloca nas ruas todos os dias, na liderança do ranking está o Consórcio Ambiental S.A., que atua na Zona Leste da capital paulista. Diariamente, 1,77% dos seus 249 quebram no meio do caminho – são, em média, 4,41 a cada 24 horas.

Em segunda posição no quesito de maior quantidade de carros que quebram por dia em relação à frota nas ruas está a Via Sul, que atua em Ipiranga, Sacomã, Sapopemba e Vila Prudente, na Zona Sul da capital. Os ônibus, articulados ou normais, são verdes e quebraram, em média, 6,73 por dia no primeiro semestre deste ano. O número representa 0,87% em relação à frota de 775 veículos que o consórcio mantém nas ruas.

Dados da SPTrans mostram que a idade média da frota vem aumentando. Em 2016, a idade média da frota é de 5 anos e 6 meses. Entre 2007 e 2009, a cidade tinha ônibus com frotas mais novas – cuja concessão ficou em torno de 4 anos e 10 meses de uso.

“No Brasil, são poucas as atividades de manutenção preventiva. Aqui, o ônibus roda quilômetros e se deixa acontecer. As nossas intervenções são sempre reativas: deu o bode, resolve o problema pontual. No dia seguinte, tem um novo problema em outro lugar. Assim, você tem no mesmo ônibus peças antigas, originais, e novas, que podem ser rejeitadas pelo carro. Alia-se a isso o péssimo treinamento dos motoristas. É como um time de futebol: não adianta chegar em campo na última hora e querer fazer gol”, afirma o engenheiro de trânsito Luiz Celio Bottura.

Troca imediata em caso de quebra

A SPTrans diz que “os índices de quebras de ônibus caíram de forma expressiva nos últimos anos” e que, em 2012, a média era de 97,7 carros por dia. O órgão afirma que “um processo e renovação da frota está em curso” e que fiscaliza a atuação das concessionárias. “Todos os carros também são vistoriados de forma pelo menos duas vezes por ano”.
Quando um ônibus quebra, diz a SPTrans, a empresa deve substituir o veículo imediatamente com um carro da reserva técnica, sob pena de multa de R$ 720.

Os consórcios citados acima responderam por meio de uma nota enviada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo (SPUrbanuss), que informou que os ônibus “passam por um dos mais exigentes” planos de vistoria e que inspeções são realizadas pela SPTrans a cada 6 meses. Quando percebido que há necessidade de reparo ou substituição, o veículo é “lacrado, a empresa multada e o veículo fica impedido de rodar até o conserto e nova inspeção”.

“Quando um ônibus apresenta defeito durante a viagem, o centro de controle operacional da empresa é comunicado, enviando o socorro mecânico ou o guincho”, diz o sindicato. Todas as empresas possuem canais de atendimento ao passageiro, que podem ser encontrados no site da SPUrbanuss (clique aqui para acessar).

O Consórcio 7 reiterou que a sua manifestação é a feita pelo SPUrbanuss.

A Ambiental respondeu que não opera em consórcio e que, como opera com veículos trólebus “regularmente sofremos intervenções da rede elétrica. Apesar disso, estamos entre os melhores índices de cumprimento de viagens apurado pela SPTrans”. “Informamos também que nossa frota passa correta e regularmente por todas as manutenções previstas nos manuais da SPTrans, pois periodicamente passamos pela inspeção de frota na qual são atestados pelo Poder Público a qualidade e a idoneidade de nossa frota.”

A Unisul respondeu que já substituiu 105 ônibus dentre 133 ônibus com 10 anos de uso, (prazo máximo para substituição) e que “veículos com 10 anos de uso, operando em vias mal conservadas, apresentam um maior número de ocorrências de defeitos comparada com veículos com menor idade média”.

Segundo a Unisul, todos os seus veículos possuem sistema de comunicação. “Quando ocorre uma quebra, o motorista é orientado a comunicar imediatamente a Central da Manutenção. “Carros-socorros” ficam posicionados em locais estratégicos para maior agilidade no atendimento, e na maioria das vezes não há necessidade de substituir o veículo, que depois de reparado o defeito, volta a operar normalmente”, afirmou a empresa.

* As informações do portal G1

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