Toda cidade precisa escolher, de tempos em tempos, como montará sua frota de ônibus. Como num jogo de cartas “Super Trunfo”, não há opção perfeita. Os veículos mais baratos e fáceis de operar poluem mais e fazem muito barulho, enquanto os coletivos mais eficientes e limpos custam caro.
Para impedir que os empresários joguem sempre com as mesmas cartas, os governos criam normas para estimular (ou obrigar) mudanças na partida. São Paulo elaborou a sua em 2009: a lei 14.933 determina que até 2018 toda a frota de transporte público da cidade deverá operar apenas com combustíveis não fósseis.
“Acho dificil”, diz o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, sobre a chance de cumprir essa meta. “Hoje não tem produção em escala [de ônibus com combustíveis limpos], o custo é muito alto e quem paga é o poder público”. A lei 14.933 não estabelece punições em caso de descumprimento da meta.
A Secretaria Municipal de Transportes trabalha com o Ministério Público para criar uma cronograma de implantação de ônibus que poluem menos, mas ele ainda não está concluído. O encontro ocorreu após a Promotoria questionar o fato de a licitação que escolherá as empresas que farão a operação dos ônibus da capital não determinar o uso de veículos limpos.
“Poderíamos colocar todos os ônibus para rodar com biodiesel, adaptando os motores, mas teria um custo de R$ 2 bilhões a mais por ano. Para isso, ou aumenta o subsídio ou a tarifa”, diz Francisco Christovam, presidente do SPUrbanuss, sindicato das viações de São Paulo.
Apesar de gerar poluição e barulho, o ônibus a diesel puro responde por 95% da frota paulistana. Testes com fontes mais limpas são feitos desde os anos 1990, com opções como gás natural, etanol e motores híbridos, embora nenhum deles tenha sido adotado em larga escala.
O projeto municipal Ecofrota, iniciado em 2011 e que usa diesel misturado com até 10% de biodiesel, enfrentou problemas como desgaste dos motores dos ônibus e variação do preço do combustível, que sobe se há problemas na safra, por exemplo.
Além da poluição, os veículos a diesel apresentam maior desgaste. Eles duram em torno de dez anos, contra até 30 anos de um elétrico.
* Com informações do jornal Folha de São Paulo