Na Zona Leste, das 18 estações da Linha 15-Prata prometidas, só duas foram entregues no prazo. E o governo só irá priorizar nove estações para 2017.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos decidiu não priorizar sete estações da linha 15: Jequiriçá, Jacu-Pêssego, Érico Semer, Márcio Beck, Cidade Tiradentes e Hospital Cidade
Tiradentes. Além dessas, a conexão com a Estação Ipiranga, da Linha 10-Turquesa, de 2,2 km, na outra ponta da linha. Quando completa, a linha irá transportar até 550 mil passageiros por dia e será importante para ajudar a desafogar a superlotada Linha 3-Vermelha.
Segundo a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, “a prioridade é concluir os trechos que já possuem obras avançadas antes de abrir novas frentes de trabalho”. Diz ainda que, nas
áreas que não serão atendidas agora, estão sendo equacionadas questões como ampliações viárias, reassentamentos e desapropriações.
O governador Geraldo Alckmin comentou em um evento na cidade de Cuiabá, no estado do Mato Grosso: “A linha 15, que vai até a zona leste, está toda em obras, com mais de 1.000 pessoas trabalhando”.
Defendidos por gestões tucanas como solução rápida e barata para ampliar a rede de trilhos, os monotrilhos acumulam falhas, atrasos e encarecimento das obras.
A Linha 15-Prata seria a substituição do antigo Expresso Tiradentes. O chamado “Fura Fila”, projetado nos anos 90 para ir até o extremo leste, foi redesenhado depois para ser um serviço de ônibus elevado ligando o Centro à Vila Prudente. De lá, seguiria em sistema de monotrilho até Cidade Tiradentes.
A linha 15 até Cidade Tiradentes havia sido prevista pelo governo estadual para 2012.
Em 2013, o portal G1 mostrou que já havia um impasse na obra em razão de o trajeto prever a construção dos pilares do monotrilho na Avenida Ragueb Chohfi, via comercial e estreita e que é um dos principais acessos à região de Cidade Tiradentes. O impasse se dava em relação às inúmeras desapropriações previstas para a área.
Cidade Tiradentes
O jornal Folha de São Paulo fez uma reportagem ouvindo alguns moradores do bairro Cidade Tiradentes sobre o que eles acham desta notícia que o governo paulista não vai priorizar no
momento as obras do monotrilho da Linha 15-Prata até o bairro.
“Quem sabe não fica para meus netos ou bisnetos. Não acredito que eu vá ver esse monotrilho”, afirma a empregada doméstica Nelcina Souza, que todos os dias gasta mais de uma hora para chegar ao Belém, ainda na zona leste, onde trabalha.
Cidade Tiradentes fica a 30 km do centro de São Paulo, ou ao menos 1h30 de ônibus. Segundo pesquisa DNA Paulistano de 2012, do Datafolha, só 6% da população tinha curso superior. À época, quase metade (43%) tinha renda familiar de até R$ 1.244 e nenhuma superava R$ 6.221.
“Ouço tanta notícia de atraso que nem acredito mais que vá vir para cá”, diz o vigilante noturno Lucas Leite, 21. “A população daqui é esquecida”, completa.
“É tanta promessa que o governo faz e não cumpre que uma hora a gente para de acreditar. Mas depois eles vêm pedir voto aqui, quero ver quem vai dar”, diz o ajudante Thiago Oliveira, 25.
A difícil locomoção foi um dos fatores que fez a vendedora Juliana Pereira, 20, sair do bairro. Ela gastava uma hora e meia para chegar ao Tatuapé, também, na zona leste, onde trabalhava.
Há um ano, Juliana mudou-se para Guaianases, próximo à estação de trem. “É muito melhor. Não dá para depender de ônibus.”
Nota da Secretaria de Transportes Metropolitanos:
“A Secretaria dos Transportes Metropolitanos informa que, sobre os projetos dos monotrilhos das linhas 15- Prata e 17-Ouro, a prioridade é concluir os trechos que já possuem obras avançadas antes de abrir novas frentes de trabalho. Os trechos prioritários são a ligação do Aeroporto de Congonhas até o Morumbi (integração com a Linha 9-Esmeralda da CPTM) na Linha 17-Ouro e Vila Prudente a Iguatemi na Linha 15-Prata. Nos demais trechos, estão sendo equacionadas as questões referentes às ampliações viárias com a Prefeitura de São Paulo, levantamento de reassentamentos e desapropriações necessárias para o prosseguimento das obras, licenciamentos ambientais e novas fontes de financiamento.”
A gestão Fernando Haddad (PT) afirma estar em dia com tudo que foi combinado.