Velocidade média cai e ônibus rodam como antes das faixas exclusivas em São Paulo

A velocidade média dos ônibus municipais de São Paulo caiu no ano passado, voltando a patamares registrados antes do início da política de abertura de faixas exclusivas da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A informação consta de uma “cesta de indicadores de desempenho de serviços públicos” divulgada pela Secretaria Municipal de Gestão.

A queda foi tanto no horário de pico da manhã quanto no da tarde. No primeiro, das 7 às 10 horas, a queda foi de 17 km/h, em 2013, para 16 km/h no ano passado. À tarde, das 17 às 20 horas, a velocidade voltou de 16 km/h para 15 km/h. A meta da Prefeitura, anunciada em 2013, era de que as velocidades médias, nos dois horários de pico, subissem até chegar a 25 km/h. A Prefeitura, em nota, argumenta que o transporte público é a “prioridade” da gestão.

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  • Aumentar a velocidade média dos coletivos foi a justificativa dada pelo secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto, para intensificar a instalação das faixas exclusivas à direita. Em 2013, a Prefeitura instalou 291,4 quilômetros dessas vias. A política ganhou mais força após os protestos de junho daquele ano. No ano passado, foram mais 77,8 km. Ao todo, a capital tem 386 quilômetros de faixas, em 111 corredores viários.

    O engenheiro de transportes Horácio Augusto Figueira afirma que as faixas exclusivas à direita deram um ganho inicial de velocidade. Mas o que amarra os ônibus no percurso são os semáforos nos cruzamentos, que ainda são programados pensando no trânsito de automóveis

    — Os semáforos precisam ser programados para liberar os cruzamentos que têm mais pessoas esperando, não carros. É um conceito que Londres adota desde 1977.

    Figueira, entretanto, ressalta que o indicador publicado pela Prefeitura é “um dado global” que mistura rotas e tipos de viagens diferentes.

    — É bom que divulguem, mas é preciso olhar também para os dados do Olho Vivo (página da SPTrans que mostra a velocidade em tempo real nos corredores à esquerda).

    Balanço publicado neste ano referente apenas às faixas exclusivas mostra que a velocidade média dos ônibus só nestas vias é de 20,3 km/h. Antes de as faixas existirem, era 14,3 km/h – um aumento de 67,5%.

    Tempo

    Outro dado da Prefeitura mostra que o tempo gasto pelos ônibus na viagem entre o ponto inicial e o ponto final, na média, está menor. Em 2013, na média, a viagem de cada ônibus durava 66 minutos. Em 2014, foi para 63 minutos, considerando o horário de pico da tarde. Na manhã, a queda foi de 67 para 64 minutos. O tempo de espera do usuário nos terminais também caiu de 11 para 10 minutos, na média.

    Entre 2013 e 2014, mais de 200 linhas tiveram itinerário alterado, e algumas delas foram cortadas. Coletivos passaram a fazer trajetos mais curtos, em direção a terminais, o que obrigou o passageiro a fazer mais baldeações.

    A balconista Arlete Cândido, de 43 anos, com que, antes, tomava um ônibus que vinha do Parque Continental direto até o centro, mas, agora, tem de descer na Barra Funda e pegar outro ônibus.

    — Se não fosse mais caro, usaria o metrô.

    Outra usuária, a também comerciante Luzia Leite Almendro, de 57 anos, diz que a parte que agora é feita em faixa exclusiva de ônibus, pela Avenida 23 de Maio, na zona sul, passou a ser mais rápida.

    — Principalmente de manhã, a hora que chega na 23 o ônibus não fica mais preso no trânsito. Mas tem um trecho, pouco depois do Aeroporto, que tem semáforo. Ali para tudo, todo dia, precisa ter muita paciência.

    Prefeitura garante vantagens de faixas exclusivas

    “Os usuários de ônibus têm tido uma série de vantagens com a implementação das faixas exclusivas na cidade de São Paulo. A velocidade média nesse tipo de via é de 20 km/h. Antes da implementação, no início de 2013, o desempenho chegava a 13,7 km/h. (ver quadro detalhado mais abaixo). Isto resultou na economia de quatro horas semanais aos usuários de ônibus em suas viagens. Além disso, as faixas proporcionaram uma redução no tempo médio de deslocamento nos horários de pico. À tarde, era de 69 minutos em 2012; e caiu para 64 minutos em 2014. Já no pico da manhã, a relação era de 66 minutos, em 2012, e chegou a 63 minutos em 2014. Mais outro resultado positivo produzido pelas faixas é que a lentidão de trânsito, em toda a cidade, tem tido uma desaceleração. Enquanto de 2011 para 2012 houve um crescimento de 14,8% (ver tabela abaixo), de 2013 para 2014 o aumento ficou em 2,8%. Isto se explica porque, entre outros aspectos, a faixa organiza o trânsito de veículos e, também, estimulou a migração de pessoas para o transporte coletivo.” Portanto, uma abordagem da velocidade dos ônibus em toda a cidade considera a área completa do município, com todas as interferências características do trânsito, não revela os benefícios que os passageiros vêm tendo nos últimos dois anos com as faixas exclusivas.

    Com informações do jornal O Estado de São Paulo.