Como a Estação da Luz, atingida por um incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa na segunda-feira, 21, outras edificações ferroviárias do Estado de São Paulo têm histórico de riscos e abandono. Nos extremos da antiga São Paulo Railway, a primeira ferrovia paulista, as estações de Santos e Jundiaí têm prédios de grande valor histórico e arquitetônico, mas ameaçados pela difícil convivência com os projetos de desenvolvimento das cidades.
Construída há 148 anos, a estação de Santos, uma das relíquias arquitetônicas da cidade, correu risco em 1985, quando um grande incêndio destruiu o Casarão do Valongo, edifício que compõe o conjunto. Em estilo neoclássico, inaugurado dois anos antes, o prédio abrigou a Câmara e a Prefeitura até 1939. O fogo, que só poupou as paredes externas da construção, não atingiu a estação.
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O casarão, também conhecido como prédio duplo, por apresentar dois volumes arquitetônicos, foi restaurado e desde junho de 2014 abriga o Museu Pelé, homenagem ao santista considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos. A instalação do museu transformou a região onde, no século 19, surgiu o Porto de Santos. A estação tem arquitetura neoclássica, inspirada na londrina Victoria Station, e recebia passageiros, além de produtos que seriam exportados pelo Porto de Santos, principalmente o café.
Com o fim do transporte de passageiros em 1995, o prédio ficou abandonado e se deteriorou, mas foi recuperado em 2003. Atualmente abriga a Secretaria de Turismo da cidade. A fachada possui quatro leões, um sino e um relógio, que estava desativado desde 1993, mas foi restaurado e voltou a funcionar em 2010, ano em que o prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado (Condephaat).
Jundiaí
A Estação de Jundiaí, no outro extremo da São Paulo Railway, tem marcas de deterioração principalmente na cobertura. O prédio foi inaugurado em 16 de fevereiro de 1867 e ali embarcava o café que seguia para Santos. Em 1870, com a construção da linha-tronco da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a estação passou a ser o ponto inicial dessa linha. O último trem de passageiros de longo percurso passou por ali em 15 de janeiro de 1999. Desde 1994, é administrada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e faz parte da extensão da Linha 7-Rubi. O prédio é tombado pelo Condephaat desde 1910.
Paranapiacaba
Um incêndio destruiu também a segunda estação de Paranapiacaba, inaugurada em 1898. A vila foi construída no alto da serra como base para os trabalhadores do trecho São Paulo-Santos da companhia inglesa. Na torre foi instalado um relógio da marca Johnny Walker Benson, construído na Inglaterra. As badaladas regulavam os horários dos trens. Em 1977, a estação foi desativada e o relógio, transferido para outro edifício. Em janeiro de 1981, o prédio abandonado foi consumido pelo fogo. A prefeitura de Santo André investe na restauração de parte da vila, incluindo biblioteca, garagem das locomotivas, oficinas de manutenção e almoxarifado da ferrovia.
Sorocaba e Bauru
A estação ferroviária de Sorocaba, inaugurada em 1875, foi atingida por um incêndio em maio deste ano. O fogo queimou completamente a sala onde funcionou, no passado, o escritório do chefe da estação. O edifício, construído junto com a Estação Júlio Prestes, da capital, é o marco no interior da Estrada de Ferro Sorocabana e espera restauro há 20 anos. Partes da estrutura interna estão desabando.
Em Bauru, um incêndio atingiu o complexo ferroviário em abril de 2014, mas o fogo foi combatido sem danificar as edificações. Em outubro, o Condephaat abriu consulta online para a proposta de restauro dos conjuntos ferroviários de Sorocaba e Bauru. O prazo se encerrou em 15 de novembro e as sugestões estão sendo analisadas.
* Com informações do jornal O Estado de São Paulo