A estação São Bento tinha uma vida noturna agitada no início dos anos 2000, com bares e pizzarias, onde trabalhadores do centro faziam o happy hour antes de pegar o trem.
Depois de a maior parte do espaço de 1.700 m² ficar vazio por anos, o Metrô prepara uma licitação para transformar o local em um bulevar, com restaurantes, lojas e serviços. O edital deve sair em setembro.
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A ideia é que a estação sirva de ponto de parada para os 140 mil passageiros que circulam por ali diariamente e também seja destino de passeio para paulistanos de outras áreas. Tudo até 2016, quando a cidade sedia dez jogos de futebol na Olimpíada.
Para mudar a cara do lugar, o ganhador da licitação deverá investir no mínimo R$ 2,5 milhões em reformas. É o vencedor que determinará como serão divididos os espaços, e o que servirá para alimentação ou compras.
“O mercado sabe melhor do que nós como dividir isso. Há uma tendência de espaço gastronômico, pela infraestrutura hidráulica e pelo perfil da região”, diz a gerente de negócios do Metrô, Raquel Verdenacci.
Ela diz que fazer um edital para todo o complexo, com um investimento estipulado, foi uma decisão tomada após experiências mal sucedidas.
Em meados dos anos 2000, o consórcio que administrava o lugar não conseguiu honrar compromissos assumidos e a concessão foi interrompida.
O Metrô ainda ficou com o contrato de alguns estabelecimentos, que foram deixando a estação aos poucos. Em 2013, um processo licitatório empacou porque os interessados não tinham a documentação necessária.
“O lugar se deteriorou pela falta de reposição dos negócios que foram saindo. Tivemos que analisar o melhor modelo. O projeto foi estruturado de maneira responsável para integrar o processo de revitalização do centro.”
Apesar de mais habitado nos fins de semana, com o fechamento do Minhocão e outras atividades na rua, o centro ainda fica vazio à noite. Os arredores da São Bento, que concentram empresas e comércio, ficam silenciosos depois das 20h. Verdenacci diz que a ideia inicial é que os visitantes cheguem de metrô ou de carro, como fazem para ir a destinos próximos.
Para o professor de arquitetura do Mackenzie Carlos Leite, esse deve ser um dos principais desafios do projeto.
“Ali tem esse desafio grande porque não mora quase ninguém e há uma sensação de insegurança. Mas não chega a ser um obstáculo.”
Leite diz que é simpático à ideia, realizada em proporções maiores fora do país. Ele cita as estações de trem de Londres e Nova York, complexos com restaurantes e até hotéis. “No mundo todo, os grandes terminais são lugares que qualificam seu entorno. É uma ideia antiga e aqui ocorre de maneira ainda modesta.”
Apesar do estágio inicial do projeto, Verdenacci já imagina um restaurante com vista para o viaduto Santa Efigênia ali. “O potencial é enorme”, diz.
Fonte: Folha de São Paulo