A gestão Fernando Haddad (PT) está finalizando um projeto que vai repaginar os principais pontos de ônibus da cidade de São Paulo.
Já foram definidos os 160 cruzamentos, em todas as regiões, que serão os primeiros a ter mudanças quando o projeto tiver o aval do prefeito.
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Eles terão as paradas unificadas com um mesmo nome e passarão por reforma que inclui melhoria na sinalização, calçadas, travessias de pedestres e iluminação.
Chamados de conexões, esses locais ficam no entroncamento de grandes avenidas e têm diversos pontos de ônibus nas imediações. A ideia é aproximar essas paradas para facilitar que os passageiros troquem de linha.
Atualmente, os pontos são instalados no meio do quarteirão para evitar que a parada dos ônibus para embarque e desembarque de passageiros atrapalhe o trânsito.
Com a mudança, eles ficarão mais próximos das esquinas e caminhar de um para outro ficará mais rápido.
Cada parada será identificada por uma letra. Os quatro pontos próximos de cruzamento, por exemplo, serão chamados de A a D.
“Fica mais fácil explicar ao passageiro: sua linha para no ponto C e a linha que você precisa pegar parte do ponto B”, diz Ana Odila de Paiva Souza, diretora de planejamento da SPTrans (empresa que gerencia o transporte público municipal).
A área dessas conexões terá demarcações na calçada e o trajeto entre os pontos será identificado –a prefeitura estuda colocar adesivos no chão, com setas apontando a direção de cada parada. Outra ideia é remanejar bancas de jornal e pontos de táxi para fora da área da conexão, para melhorar a circulação.
Também haverá mudança na forma de identificação dos pontos. Os totens serão maiores que os convencionais para que seja possível fixar maior número de informações, como a lista de linhas, itinerários e mapa da região.
O objetivo é que essas conexões funcionem, na cabeça dos usuários, como estações do metrô: serão referências para que o passageiro saiba onde precisa desembarcar para trocar de linha.
Nesse conceito, as 160 conexões formariam uma rede conectada pelas linhas de ônibus, o que facilita ao usuário definir o trajeto mais cômodo de um local a outro.
“O metrô é muito fácil de usar porque tem um mapa que aponta para onde ir. Queremos que o passageiro de ônibus tenha ao menos esse ‘mapa mental’ das conexões”, afirma Ana Odila.
A avaliação de especialistas e dos próprios técnicos da prefeitura é que muitos moradores gostariam de andar de ônibus, mas acham que o sistema atual é confuso e não atende suas necessidades.
E , apesar de medidas da gestão Haddad de incentivo ao transporte coletivo, elas não foram suficiente para atrair de modo substantivo quem já usava automóvel.
NOMES
Para reforçar a identificação das conexões, a SPTrans está definindo um nome para batizar cada cruzamento.
O da Ipiranga com a São João, por exemplo, será “Sampa”, nome da música que eternizou o local.
Outros serão menos inspirados: o da avenida Faria Lima com a rua Baltazar Carrasco será “Largo da Batata”; o da Paulista com a Consolação, “Consolação-Paulista”.
Os nomes também serão usados quando começarem a ser instalados nos ônibus dispositivos que informam aos passageiros as próximas paradas importantes –medida prevista na nova licitação do transporte.
A definição dos critérios para a escolha dos nomes partiu de trabalho feito pelo Metrô na década de 1970 para nomear suas estações.
Entre eles, estão: popularidade (nome simples e de apelo), histórico-geográfico (relação com a história da cidade e do local, como edifícios famosos) e forma (pronúncia fácil e boa sonoridade).
NOVA REDE
A diretora da SPTrans diz que o projeto está em fase de definição com outras áreas da prefeitura e com a concessionária Ottima, responsável pelos totens e abrigos.
As conexões fazem parte do processo de reorganização das linhas de ônibus da cidade, que terá quatro redes para atender demandas diferentes de acordo com o horário e promete racionalizar o sistema –com ônibus menos lotados, trajetos mais rápidos e menos espera no ponto.
As 160 conexões foram identificadas com a primeira rede, implantada há um ano e que atende a madrugada.
Quando a reorganização estiver completa, em 2016, a estimativa é que sejam criadas cerca de 350 conexões.
Essas estruturas serão importantes porque a implantação das quatro redes prevê a alteração de 24% das linhas existentes –e a necessidade do passageiro fazer mais baldeações. A avaliação da prefeitura é que, se as trocas não ficarem mais fáceis, a reclamação dos usuários irá comprometer a reorganização.
Fonte: Folha de São Paulo