Transporte rodoviário de cargas enfrenta desafios em meio a incertezas políticas e econômicas

Atualmente, as rodovias correspondem a 62% do transporte de cargas no Brasil, sendo que o transporte de alimentos e bebidas corresponde a 91,4% das mercadorias movimentadas pelo território nacional, de acordo com um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC) neste ano. Apesar do impacto significativo do setor na economia do país, as empresas de transporte vêm investindo com maior cautela em planejamentos estratégicos.

A cautela tem origem nas incertezas políticas. Muitos executivos não sentem confiança nos posicionamentos governamentais, que, na visão dos empresários, não têm sido favoráveis ao transporte rodoviário de cargas.

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Franco Gonçalves, gerente administrativo da TKE Logística – empresa especializada no transporte do setor alimentício – relata que os brasileiros vêm enfrentando dificuldades financeiras, o que impacta diretamente a demanda por serviços. “Neste último mês, foi possível ver uma queda nas demandas de transporte de alimentos e bebidas. Entre os motivos da diminuição, podemos citar a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul, a queda no poder de compra e o alto endividamento dos brasileiros. Infelizmente, observamos os custos operacionais e, consequentemente, de vida, sem que seja possível repassá-los, dificultando o aumento na renda das pessoas”, explica Gonçalves.

Desafios na Região Sul

A região Sul do Brasil, composta por Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, representa 17,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de indicadores do IBGE, Banco Central e do Ministério da Economia mostrarem que a atividade econômica da região tem se saído melhor que a média brasileira neste ano, esse crescimento não se traduz em otimismo para o setor de Transporte Rodoviário de Cargas (TRC).

Os empresários do TRC acreditam que apenas o crescimento econômico não é suficiente para suprir as necessidades de investimento nas organizações. “O PIB apenas mostra o resultado, não a produtividade”, argumenta Franco Gonçalves. “Existem vários cenários que podem impactar o PIB. Uma alta inflação pode influenciar o aumento do PIB, visto que ele é a soma dos valores dos bens e serviços produzidos. Se houver inflação nos preços, os números tendem a aumentar, mesmo que esse valor seja direcionado para pagamento de juros e impostos. Mas, em nosso caso, tivemos um aumento na demanda em abril, em relação aos meses anteriores, que foram mais fracos”, descreve o gerente.

Expectativas a Curto Prazo

Mesmo com a implementação de mudanças e novas estratégias anualmente, as expectativas para os próximos meses no TRC são incertas, dependentes dos próximos passos dos representantes políticos. “É muito difícil ter expectativas claras para a economia, visto que os direcionamentos políticos não são claros – e, para haver investimentos, é necessário algum nível de segurança. Por exemplo: recentemente, tivemos a Medida Provisória do Pis/Cofins, que dificultaria as compensações dos impostos, mas pouco tempo depois o Senado devolveu a medida provisória, desfazendo os movimentos na economia. Logo teremos mudança na presidência do Banco Central, que pode afetar o direcionamento da economia”, relata Gonçalves.

Apesar das incertezas, as empresas do setor alimentício estão focadas no aperfeiçoamento dos processos já estabelecidos e no investimento interno, principalmente na infraestrutura para atender potenciais clientes. “O mercado alimentício é nosso principal setor, e estamos sempre buscando formas de aumentar a competitividade de nossos parceiros em relação à concorrência, ajudando-os a crescer e alimentar cada vez mais pessoas para podermos crescer em conjunto. No momento, estamos direcionando os investimentos em nossos controles internos e implementando mais tecnologia para aumentar a segurança em nossas operações”, finaliza o executivo.

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