Privatização dos transportes públicos em São Paulo: uma análise dos repasses do Bilhete Único

Uma investigação jornalística revelou dados alarmantes sobre a distribuição dos recursos arrecadados pelo Bilhete Único em São Paulo no ano de 2022. Dos impressionantes R$ 7 bilhões obtidos, surpreendentes R$ 2 bilhões foram destinados às concessionárias ViaQuatro e ViaMobilidade, responsáveis pelas linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda, que transportaram aproximadamente 500 milhões de passageiros no período.

Em contrapartida, as empresas públicas Metrô e CPTM, que carregaram mais que o dobro de passageiros, cerca de 1,23 bilhão, receberam uma fração significativamente menor, apenas R$ 460 milhões. Esse desequilíbrio na distribuição dos recursos revela um fenômeno que vem sendo criticado: a “privatização dos lucros e socialização dos prejuízos”.

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  • A jornalista responsável pela reportagem obteve os dados após um árduo processo via Lei de Acesso à Informação (LAI), analisando contratos e consultando mais de 20 fontes relacionadas ao assunto. O resultado dessa investigação vem reaquecendo o debate sobre a privatização dos transportes públicos.

    O governador Tarcísio de Freitas sinalizou recentemente sua intenção de privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM até o final de seu mandato, em 2026. No entanto, especialistas e críticos apontam que as concessões até o momento têm privilegiado as empresas privadas, como evidenciado pela prioridade nos repasses do Bilhete Único para ViaQuatro e ViaMobilidade.

    Com o recente aumento no preço das passagens, de R$ 4,40 para R$ 5, espera-se que a arrecadação total do Bilhete Único também aumente. Contudo, se o sistema de concessões persistir e as concessionárias continuarem a ter prioridade na distribuição dos repasses, há o receio de que o Metrô e a CPTM sejam financeiramente prejudicados.

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