Após um período desafiador que culminou na inédita paralisação da fabricação de carros de passageiros em 2022, a indústria ferroviária brasileira demonstra sinais de recuperação parcial em 2023 e projeta um cenário de crescimento para o ano atual. Segundo estimativas da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), o setor está preparado para produzir 45 locomotivas em 2024, um aumento de 45,16% em relação ao ano anterior, e os vagões para cargas devem crescer 25,89%, alcançando a marca de 1.600 unidades fabricadas.
O destaque recai sobre os carros de passageiros, que devem manter a produção em 291 unidades neste ano, um número significativamente superior aos registrados nos anos anteriores. Em 2020, foram produzidos 72 carros, enquanto em 2021 o número caiu para 35 e em 2022 a produção foi completamente interrompida. Essa retomada da produção é crucial para o setor, que enfrentou uma grave ociosidade nos últimos anos.
O presidente da Abifer, Vicente Abate, ressaltou a importância desse aumento na produção de carros de passageiros, enfatizando que a indústria está retomando seu protagonismo após anos de baixa demanda. Abate também mencionou a diversificação das exportações para destinos como Taipei, Bucareste e Santiago como um fator que impulsiona as perspectivas positivas para 2024.
Além das exportações, as encomendas domésticas também contribuem para o otimismo do setor. Projetos como as linhas do metrô paulistano, recentemente encomendadas na indústria nacional, e o aeromóvel de Guarulhos são exemplos de iniciativas que impulsionam a produção e promovem o crescimento da indústria ferroviária brasileira.
Abate também destacou o leilão do trem entre São Paulo e Campinas como um projeto que deve contribuir significativamente para o setor no médio prazo. A chegada do primeiro dos trens que ligarão a estação da CPTM aos terminais de embarque e desembarque do aeroporto de Guarulhos, em março, é um marco importante nesse sentido.
Atualmente, a capacidade instalada da indústria nacional é de 2.000 vagões, 150 locomotivas e 600 carros de passageiros, números que refletem o ajuste realizado devido à baixa demanda dos últimos anos. No entanto, com os projetos em andamento e a expectativa de crescimento gradual nos próximos anos, a indústria ferroviária brasileira vislumbra uma produção mais regular e previsível, consolidando-se como um setor estratégico para o desenvolvimento do país.