O início de 2023 marca o início do novo mandato de Lula da Silva, que regressa ao poder com muitos desafios, entre eles a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que os especialistas defendem que deve ser retomada o quanto antes.
Com as grandes cidades como São Paulo sufocadas pelos transportes motorizados, o governo eleito deve fazer avançar o projeto aprovado em 2012. Entre muitas medidas, ele prevê a “prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados”, bem como o avanço dos “serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado”.
Em causa estão diversas questões, como sustentabilidade das cidades, questões ambientais e mesmo de saúde pública, e o incentivo a práticas de mobilidade mais saudáveis.
Na sinalização pública, a prioridade deverá ser dada aos pedestres, aos transportes coletivos e aos ciclistas, mas também corrigindo um crescimento desordenado e desigual na mobilidade, nas últimas décadas.
Claro que Lula da Silva terá diversos temas relevantes em cima da mesa, como questões sociais, o combate à pobreza, a saúde, a educação, ou até mesmo a regulamentação de casas de apostas e cassinos, tema que permitirá desenvolvimento de grandes projetos turísticos e criação de novos postos de trabalho. Mas a mobilidade urbana deve permanecer em suas prioridades, no regresso ao cargo em janeiro do próximo ano. A Política Nacional de Mobilidade Urbana cruza diversas áreas essenciais.
Mobilidade urbana na agenda de Estado
Essa é, aliás, a visão do presidente da Divisão de Mobilidade do Grupo CCR, Márcio Hannas. Ele defende que o Brasil “necessita de uma agenda de Estado que contemple a mobilidade urbana”, como essencial para o desenvolvimento das cidades. Márcio Hannas considera que todo o governo deve dar prioridade à mobilidade urbana.
Caberá ao governo federal combater as políticas centradas no uso do automóvel, criando boas alternativas, ecologicamente sustentáveis, em resultado de um debate que deve ser abrangente.
Além da consciencialização para a temática, o governo deve promover projetos que combatam a dependência do automóvel. Isso será possível através de planos amplos, como criação de infraestruturas para encorajar o uso do transporte coletivo, travão na frota motorizada e planos de encorajamento do uso de bicicleta. Tudo isso com financiamento do governo federal.
Na verdade, Lula da Silva terá de colocar em prática a Política Nacional de Mobilidade Urbana, que foi aprovada há 10 anos, pelo governo do PT.
Bons exemplos no Brasil
O Brasil tem várias práticas corretas que o governo pode replicar. O transporte coletivo em Mauá, em São Paulo, a cultura do uso de bicicleta em zonas menos povoadas, assim como os incentivos fiscais praticados em Maricá, no Rio de Janeiro, são exemplos para disseminar nas grandes cidades.
Todo o debate sobre essa matéria da mobilidade deve envolver especialistas da área e diferentes sensibilidades.
Até porque existem discrepâncias que o país deve combater. Você sabia que a população da Zona Leste gasta em média 3h03 em deslocamento, todo dia, o que representa o dobro da Zona Oeste?
Fora do território nacional tem inúmeros exemplos de boas práticas, porque em todo mundo a mobilidade urbana é pauta prioritária.