Mobilidade como Serviço é a possibilidade das pessoas serem livres nas cidades

Como chegamos ao ponto no qual ter um carro é a melhor opção para a mobilidade urbana? No início do século 20, o impacto das tecnologias dos carros prometia independência e liberdade para ir e vir. Não à toa, houve o boom dos automóveis nos Estados Unidos e, a partir de então, as cidades passaram a ser organizadas em prol deste meio de locomoção. Em paralelo, com o desenvolvimento da indústria do petróleo a preços competitivos, houve o fomento ainda maior da automobilística e as outras formas de transporte não foram tão desenvolvidas.

No entanto, a promessa esbarrou na realidade: poluição, trânsito e caos. Estima-se que, por ano, as pessoas perdem de 2,5 a 3 dias sentados no carro esperando para sair do lugar. São cerca de 200 bilhões de dólares perdidos em produtividade por ano devido ao trânsito, sem contar que já perdemos mais pessoas em acidentes de carro do que em guerras. Com isso, percebe-se que a prática não é mais sustentável para as cidades e as civilizações.

A Mobilidade como Serviço (MaaS – Mobility as a Service) surge como uma potencial solução para o problema.

O MaaS consiste em um movimento que estimula as pessoas a usarem transportes públicos e coletivos, apostando na variedade de modais e no acesso facilitado, por meio de um smartphone. Dessa forma, é possível se deslocar com possibilidades de escolha: pedir um táxi, achar um ônibus, recarregar o bilhete para pegar o metrô, alugar uma bike…

A Mobilidade como Serviço é uma mudança que começa no comportamento das pessoas, voltada para as pessoas. Com o MaaS, atribuímos a possibilidade de serem livres e estarem em qualquer lugar utilizando todos os recursos possíveis: transporte público, carros, bicicletas, táxis, carros compartilhados ou alugados.

O que problematizo aqui é a mobilidade urbana girar apenas em torno de se ter um carro particular, não em decorrência da existência e presença dos carros. Com a mobilidade como Serviço, podemos ter um leque muito mais extenso de opções, combinando todos os modais que a cidade oferece. Os consumidores, por sua vez, têm poder de escolha frente às possibilidades que são oferecidas em um ecossistema de mobilidade integrado. É algo transformador!

As cidades precisam estar preparadas para as pessoas. As máquinas e carros são os que tomam conta das ruas, mas são os seres humanos que deveriam ocupar esses lugares por meio da habilidade de escolher como vão trabalhar, se divertir, encontrar amigos, fazer um hobbie… Dessa forma, as cidades podem virar um lugar mais fácil para viver, nas quais os habitantes poderão se mover do ponto A ao B sem se irritar ou ficar horas sentados.

O conceito de MaaS nos faz entender que é essencial inspirar inovações e criar o futuro, caso contrário, não teremos nada para deixar para as próximas gerações.