Luiza Erundina: Uber e Transporte Coletivo

A candidata à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, concedeu entrevista nesta segunda-feira (19) ao portal G1 e ao telejornal SPTV 1ª Edição da TV Globo. Destacamos aqui os principais assuntos no que se refere a mobilidade urbana.

Entrevista ao portal G1

A candidata foi entrevista pelo apresentador Tonico Ferreira e pela editora do portal G1 Claúdia Croitor. Destacamos aqui o assunto Uber e no último bloco a candidata respondeu a um “pinga-fogo” de perguntas e respostas, onde destacamos os temas de mobilidade.

Uber

Luiza Erundina defende direitos trabalhistas a motoristas de aplicativos de transporte compartilhado como o Uber. “Motorista do Uber não tem direito nenhum. Ele tem que ter seus direitos mínimos como trabalhador garantido. Destinar 25% da receita ao aplicativo e lhe sobra muito pouco. É um serviço público e o poder público é responsável pela concessão do serviço. Não dá para o poder público se isentar.”

“A lei que regulamentou o uso de táxis é de 1968, está ultrapassada. A Prefeitura de São Paulo tem que ter competência para dar contas de todos os aspectos que essa questão ocorre.”

Perguntas e respostas

– É a favor da redução da velocidade nas marginais?
Sim.

– É a favor do pedágio urbano para carros no Centro da cidade?
Não em todas as partes da cidade.

– É a favor da volta da inspeção veicular?
Na Prefeitura não. Tem que ser estadual.

– É a favor de demolir o Minhocão?
Sim.

– E da liberação do Uber?
Sim.

– Vai ampliar o rodízio de carros na cidade?
Precisaria ver o planejamento do trânsito na cidade e tem que ter várias medidas, inclusive essa pode ser uma das medidas.

– E a isenção de taxas para taxistas?
Taxas? Não, não sou a favor de certas taxas arbitrárias como tem ocorrido na cidade.

– É a favor de mudar o local da Ceagesp?
Sim, para transformar esse espaço, a Marginal Pinheiros, num grande parque linear.

Entrevista ao SPTV

A candidata foi entrevistada ao vivo pelo apresentador César Tralli.

Veja a transcrição da entrevista de Luiza Erundina sobre o transporte coletivo:

César Tralli: Tem um tema que é muito importante que é o seguinte: a senhora sabe que São Paulo hoje está gastando R$ 2 bilhões em subsídios para manter a tarifa de ônibus. De um sistema que é reprovado pela população pela sua péssima qualidade e a senhora está prometendo passe livre nos ônibus. Da onde é que a senhora vai tirar mais dinheiro se a cidade já gasta R$ 2 bilhões em subsídios, como nunca gastou antes?

Luiza Erundina: Mas é porque o modelo está falido. Tem que mudar esse modelo. Mudar esse modelo é mudar as regras contratuais na prestação desses serviços. Eu fiz isso na minha época. Eu municipalizei a gestão do transporte sobre rodas na cidade, alterei as regras de contratos com as empresas. Eles pagavam antes por passageiro transportado. Quanto mais passageiros ele transportasse, mais retorno do seu capital ele teria, o que implicava que ele colocava poucos ônibus e carregava uma multidão de pessoas. Nós vamos retomar a política que nós implantamos e que foi modificada no governo da prefeita Marta Suplicy. Passou por Maluf, passou por Pita, e a regra se manteve, que era uma regra que conseguiu melhorar a qualidade do serviço. Sair de 13 pessoas por metro quadrado dentro do ônibus para 7 pessoas. Isso foi uma melhoria significativa. Ônibus no ponto. Impediu que o passageiro perdesse tanto tempo esperando. Nós vamos mudar regras de contrato, vamos mudar o sistema, isso vai gerar mais receita, vai melhorar a qualidade do serviço. Deu certo, só que um outro prefeito, uma prefeita, pouco esclarecida, estreita, porque um acerto de um governo não é mérito de quem governou, é uma conquista da cidade. É preciso resgatar aquilo que deu certo, atualizar, aperfeiçoar, melhorar, expandir, e sem dúvida nenhuma, nós vamos testar a tarifa zero. Deixa eu terminar de te responder. Nos finais de semana, no domingo, nós vamos implantar a tarifa zero, dentro de bairro, como eu já fiz isso em Cidade Tiradentes quando eu fui prefeita.

César Tralli: Ainda nessa área de transporte, a senhora está prometendo acabar com catraca, fazer pagamento nos terminais de ônibus e até realocar os cobradores todos de ônibus em atividade. Como é que a senhora vai fazer isso se a gente está falando de todas empresas privadas, particulares. A senhora vai estatizar o sistema?

Luiza Erundina: César, hoje a mobilidade é uma política baseada numa lei federal recente. A política nacional de mobilidade urbana e que transfere para o poder municipal, portanto para a gestão municipal, toda a responsabilidade, a prerrogativa pela gestão da mobilidade da cidade. E mais: eu consegui aprovar uma proposta de emenda constitucional, que incluiu, no artigo 6º da Constituição Federal, o transporte coletivo, o transporte público como direito social. Assim como a saúde, assim como a educação, assim como o trabalho, a previdência social. Hoje o transporte público coletivo, portanto, a mobilidade, é um direito social. E como um direito social… Espera um pouco. Então, não estou dizendo que vou estatizar. A responsabilidade das três esferas de governo: municipal, estadual e federal, no cumprimento de uma lei federal, que reconhece a mobilidade como um direito do cidadão, como um direito social. Isso é um direito social.

César Tralli: Então a senhora não pode garantir que os cobradores não vão perder o emprego, então. A senhora vai fazer o que com, são o que, são 24 mil cobradores?

Luiza Erundina: Eu garanto. Eu garanto. Eu garanto porque você vai ter um outro sistema de gerenciamento em que você vai alocar esses recursos que hoje estão… Não há cidade no mundo que ainda adote este mecanismo de catraca. Isso é uma humilhação para o cidadão, para o usuário do transporte. Uma pessoa mais gorda, com mais dificuldade de acesso, tem que atravessar aquilo lá. E crie um outro sistema de pagamento da tarifa, para que ele não seja registrado através de uma catraca. Isso é muito atrasado. Nós temos que revolucionar a gestão pública. Então vamos manter mecanismos que simplesmente por um problema passível de se resolver, que é alocar novos recursos, em um sistema expandido, amplo, complexo. Eu acho perfeitamente viável, inovar, reformar, modernizar, tratar com dignidade o usuário do transporte e resolver o problema do trabalho destes alguns cobradores de ônibus.

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