Depois das imagens do 1º teste do ônibus chinês que passa por cima dos engarrafamentos circularem pelo mundo, o projeto que parecia uma solução criativa para o trânsito caótico começou a sofrer uma série de questionamentos e suspeitas sobre sua viabilidade e seriedade. Veja abaixo os principais pontos.
Validade do teste
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No último dia 3, a agência estatal Xinhua divulgou que o veículo andou por um pequeno trecho, de 300 metros, em Qinhuangdao. Imagens do teste mostravam o ônibus elevado percorrendo alguns metros com carros passando por baixo dele.
Também foi demonstrada a plataforma onde os usuários embarcariam e foram permitidas imagens de dentro do veículo, com capacidade para 300 passageiros. O site Car News China afirmou que o protótipo tinha um sistema de ar-condicionado simples, do tipo que se usa em casas, e que a plataforma também parecia mal construída.
A imprensa chinesa noticiou ainda que as autoridades da província de Qinhuangdao não tinham conhecimento do teste com o veículo, portanto, não o autorizaram. A empresa desenvolvedora do projeto, Transport Explore Bus, acabou confirmando que não se tratou de um teste em via pública, mas interno.
Não há data para novos testes e também não é mais permitido visitar o protótipo usado para o primeiro passeio. A estimativa dos criadores é que um teste completo, de 3 km, ocorra no ano que vem, em uma pista construída pelo governo.
Jornalistas da agência Xinhua chegaram a ir até o local que seria a fábrica, mas só encontraram um buraco na terra, aumentando as suspeitas de que não há planos de começar a construir os ônibus tão cedo.
Suspeita sobre dinheiro
Outro golpe sofrido pelo projeto foi a denúncia publicada no jornal estatal chinês Global Times contra a Transport Explore Bus.
A reportagem afirma que o dinheiro para o projeto veio de pirâmide financeira, um esquema que prejudica investidores e tem sido alvo do governo.
Segundo o Beijing News, uma das principais financiadoras do ônibus é a Huaying Kailai, empresa que ficou na lista negra do governo em 2015 por atividade financeira ilegal.
Veículos podem entalar?
O ônibus elevado tem 22 metros de comprimento, 4,8 m de altura e 7,8 m de largura, e pode ser encaixado a outras unidades, formando uma estrutura com comprimento total de entre 58 e 62 metros, capaz de transportar mais de mil passageiros.
O problema é que a altura em relação ao solo é de cerca de 2 metros: daí o questionamento sobre como fazer com caminhões, vans ou mesmo SUVs e picapes grandes. A saída mais aparente é que eles teriam a circulação proibida no perímetro do veículo.
Outra dúvida sobre a viabilidade está no fato de que o ônibus é elétrico. A ideia é que as baterias se recarreguem a cada estação, mas não está claro qual é a autonomia necessária para que o ônibus funcione eficientemente.
Há ainda o custo: segundo a revista Wired, a empresa por trás do projeto afirmou, em maio passado, que cada veículo custava US$ 4,5 milhões, um montante que seria suficiente para comprar 11 ônibus com zero emissão de poluentes, capazes de transportar ao menos 550 pessoas contra as 300 de cada ônibus elevado.
Fonte: Auto Esporte