A produção de carros elétricos no Brasil ainda é uma realidade distante, segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
“Hoje, não temos um programa sustentável de produção e vendas no país. O governo, para estimular o uso do carro elétrico, teria que conceder subsídios para diminuir o preço. Ainda é uma tecnologia muito cara”, afirma.
Antonio Megale ressalta que, no mundo, há países com programas já consolidados para o uso do carro elétrico. “Por isso, acredito que em cinco ou sete anos a produção em escala desses veículos seja viável.”
De acordo com a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), desde 2014 foram vendidos no país cerca de 200 veículos puramente elétricos. Os carros híbridos — que combinam motor elétrico com outro a combustão — chegam a 1.800. Todos os modelos são importados.
Mas o preço deste tipo de carro ainda é alto, acima de R$ 100 mil. “Há a necessidade de reduzir o custo para o padrão nacional, de até R$ 90 mil, para que o veículo elétrico se torne acessível”, afirma Ricardo Guggisberg, presidente executivo da Associação Brasileira do Veículo Elétrico.
“A indústria do veículo elétrico vem crescendo rapidamente no mundo inteiro, mas ainda tem uma participação pequena na indústria automotiva. As exigências governamentais para redução da emissão de poluentes têm estimulado o desenvolvimento desses veículos”, afirma Henrique Canto, gerente da BMW.
“A bateria representa cerca de 50% do valor do veículo, mas à medida que são desenvolvidas novas tecnologias, as baterias vão se tornando mais eficientes sem aumentar seu tamanho, ao mesmo tempo em que diminui o tempo de recarga”, diz Henrique Canto.
INCENTIVOS
Sobre o incentivo governamental aos carros elétricos, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços destaca que, em março deste ano, Brasil e Alemanha firmaram um acordo de cooperação técnica para aprimorar o desenvolvimento e implantação da chamada eletromobilidade no Brasil.
A parceria prevê um projeto de cooperação técnica que terá quatro anos de duração, com investimentos de 5 milhões de euros do Ministério de Cooperação Internacional e Desenvolvimento Econômico da Alemanha.
Em outubro do ano passado, a alíquota do Imposto de Importação caiu de 35% para zero para carros elétricos e movidos a células de combustível (que produzem eletricidade por meio da reação do hidrogênio com o ar).
Veículos híbridos também tiveram redução do imposto de 35% para alíquotas que variam de 0%, 2%, 4%, 5% e 7%.
Segundo o ministério, o governo aprovou a redução do Imposto de Importação como forma de demonstrar o interesse em incentivar o uso de veículos mais eficientes no Brasil.
Fonte: Folha de São Paulo