Em janeiro de 2011, o Metrô tinha 141 trens disponíveis para operação nas quatro linhas que gerencia em São Paulo (1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 5-Lilás). Desde então, apesar das promessas de investimentos, esse número caiu.
Dados da empresa obtidos pelo jornal Folha de São Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que, cinco anos depois, a companhia tinha 10% a menos de trens disponíveis. Todo o período analisado se refere à gestão do governador Geraldo Alckmin.
Em janeiro de 2016, eram 127 composições em operação na rede da capital, que transportou mais de 1 bilhão de pessoas no ano passado.
Para quem depende do transporte público sobre trilhos para se deslocar pela cidade, há duas consequências negativas. Com menos trens à disposição, mais lotados ficam os vagões das composições em circulação – especialmente nos horários de pico, quase sempre já superlotados -, o que piora a qualidade do serviço prestado.
Além disso, nos horários mais movimentados, o número mais baixo de trens disponíveis para operação significa também que os usuários precisam esperar mais tempo para embarcar.
O tempo médio de espera nos horários de pico aumentou na comparação de janeiro de 2010 com o mesmo mês deste ano em três das quatro linhas administradas pelo Metrô – não há dados sobre o intervalo e sobre a evolução no número de trens da linha 4-Amarela, administrada por concessionária privada, a ViaQuatro.
Entre as linhas prejudicadas estão as duas mais utilizadas: a 1-Azul e a 3-Vermelha. A única que registrou leve redução no tempo de espera foi a linha 2-Verde. Quando se compara o mesmo mês, a partir de 2011, o intervalo entre os trens aumentou em duas das linhas do metrô: na 1-Azul e na 5-Lilás.
No período de 2011 a 2016, considerando-se a evolução mensal, o pior número de trens disponíveis para operação foi registrado em janeiro de 2014: 117 composições. Na média anual, os anos de 2013 e 2014 tiveram o mais baixo número de composições à disposição dos usuários da rede: 121.
Não por acaso, esses foram os dois anos de pior desempenho também no tempo médio de espera dos passageiros analisados pela reportagem – com exceção da linha 5-lilás, cujo pior resultado foi registrado no ano passado.
OUTRO LADO
O Metrô afirma que “o número de trens disponíveis para operação apresentado não representa ‘redução de serviço'”. De acordo com a empresa estatal paulista, “não há relação entre a quantidade de trens disponíveis para operação e o aumento de intervalo entre trens”.
A companhia afirma ainda que a diminuição no número de composições operacionais a partir de 2012 tem “relação direta com o processo de modernização de 98 trens, que foi intensificado a partir de 2011. De lá para cá, 75 trens já passaram pela modernização”.
A empresa esclarece que operam nas linhas metroviárias, em horários de pico, 110 trens. “Isto é, em janeiro de 2016, com 127 trens operacionais, o Metrô operou com uma reserva técnica de 15,4%. Superior, portanto, à reserva técnica de 10% estabelecida como mínima.”
A empresa reafirmou ainda que “incidentes notáveis afetaram diretamente o intervalo entre trens no mês de janeiro de 2016”.
Em resposta à reportagem no início deste mês, a empresa afirmou que problemas operacionais e as fortes chuvas que atingiram a capital paulista em janeiro deste ano contribuíram para que a média de intervalo entre os trens aumentasse, em comparação com janeiro de 2010.
* Com informações do jornal Folha de São Paulo