O automóvel é a próxima grande fronteira de entrada de tecnologia. Hoje restrito a GPS, sensor de estacionamento e outras pequenas funcionalidades, o smart car deve num futuro próximo agregar várias funcionalidades para facilitar o deslocamento dos usuários, num cenário em que se visualiza até a implantação de carros autônomos.
O painel “O papel do carro conectado como o principal dispositivo móvel das smart cities” trouxe representante de várias empresas que atuam em alguma ponta deste setor. Com o objetivo de situar o público a respeito das principais inovações, os palestrantes demonstraram como cada empresa está investindo nesse novo paradigma.
O mediador do encontro, Ricardo Bacellar, diretor de relacionamento markets automotive da KPMG Brasil, ressaltou que a evolução no setor automotivo é inevitável. “Muitas inovações que hoje são comuns num passado bem recente seriam consideradas ficção científica. Não podemos ver somente uma fotografia do presente, mas perceber para onde a história está caminhando”, aconselhou.
Ayrton Amaral, diretor de mobilidade da Volvo, apresentou soluções para transporte público: “Desenvolvemos um sistema para transporte coletivo para que as pessoas saibam, via celular, a que horas o ônibus vai passar por determinado ponto. Afinal, tempo de espera é um tempo desperdiçado. Com isso você também aumenta a eficiência do sistema. Em Goiânia tivemos uma redução de 10% no custo da operação após a implantação desse sistema.”
Roberto Gregorio, presidente da Urbs, entidade que administra o transporte público de Curitiba, defendeu que os modais coletivos são a verdadeira revolução do tranporte. “Não vejo o carro como o principal dispositivo móvel das smart cities. Temos defendido que o transporte público é o principal instrumento de sustentabilidade em uma cidade”, disse. “Hoje não temos um parâmetro para medir a qualidade do transporte coletivo. O que vemos é um aumento da venda de veículos é uma queda no número de passageiros do transporte coletivo.”
Alexandre Nunes, profissional para o mercado corporativo da TIM, ressaltou que as empresas de telefonia estarão presentes nesse novo cenário. “Temos uma perspectiva de manter um protagonismo nesse cenário. Toda informação mobile, como a dos veículos, precisa passar pela rede de uma das operadoras atuando no mercado”, lembrou.
Flávio Lima, representante da Renault, fez questão de ressaltar que o transporte individual ainda vai ter um papel no futuro, apesar das críticas feitas atualmente por especialistas e entidades. “O que nos interessa é uma mobilidade racional. Assim como o transporte individual não é a solução para tudo, o transporte coletivo também não consegue ser. Por isso, estamos trabalhando com redução de emissões de poluentes, conectividade e segurança para agregar os dois modais”, esclareceu.
Fernando Faria, da empresa de tecnologia de informação SAP, comparou o automóvel do futuro com os chamados dispositivos “vestíveis”: “Os veículos serão uma espécie de equipamento que a gente veste pela manhã. Assim como há pulseiras que medem informações de saúde da pessoa, o carro vai coletar e processar informações sobre as necessidades de mobilidade do usuário.”