Enquanto os passageiros sofrem há mais de três meses com os problemas para recarga do Bilhete Único nos terminais de atendimento e com longas filas e falta de troco para comprar passagens nas bilheterias do Metrô de São Paulo, a companhia chega até a lucrar com a situação.
Dados obtidos pelo jornal Folha de São Paulo mostram que dezembro de 2015 teve, por ampla margem, a maior quantidade de bilhetes unitários de papel vendidos nos últimos dois anos.
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Foi nesse mês que a Rede Ponto Certo, maior operadora de terminais de recarga do Bilhete Único, decidiu encerrar suas atividades nas estações – “empurrando” os usuários para as filas e para os bilhetes de papel, na contramão da tecnologia e do avanço do cartão eletrônico.
Desde então, há passageiros que gastam mais tempo na espera da bilheteria do que em seus deslocamentos.
Em dezembro, quando a crise começou, foram vendidos 10,5 milhões de bilhetes de papel, gerando arrecadação de R$ 36,6 milhões. Trata-se de um aumento de 16,5% em relação ao mês anterior e de 12% ante dezembro de 2014, já desconsiderando a elevação da tarifa no período.
A tendência oposta à tecnologia do Bilhete Único se manteve em janeiro e fevereiro deste ano, quando os usuários passaram a enfrentar um agravante das filas: a falta de troco nas estações de metrô devido ao reajuste da tarifa de R$ 3,50 para R$ 3,80. No mês passado, por exemplo, também foram vendidos 15% mais bilhetes unitários que em fevereiro de 2015.
O aumento da venda desses bilhetes de papel nos últimos três meses vai na direção contrária à tendência de esvaziamento desse modo de pagamento – em 2014, por exemplo, a queda foi de 5%.
Se, por um lado, isso resulta em filas, de outro é a única modalidade em que os cofres do Metrô ficam com a tarifa cheia de R$ 3,80 paga pelos passageiros. Assim, mesmo que a quantidade de usuários continue igual, a maior utilização desse bilhete significa maior receita.
“No Bilhete Único, por exemplo, há várias categorias temporais em que a tarifa é mais baixa. Sempre se desconta a comissão das empresas que vendem os créditos [média de 2%]”, afirma José Carlos do Nascimento, diretor de finanças do Metrô.
A companhia ligada ao governo Geraldo Alckmin diz que foi surpreendida pela rescisão do contrato pela Rede Ponto Certo e afirma que uma nova licitação será lançada para a retomada dos serviços.
COMPANHIA DIZ QUE DOBRARÁ REDE
O Metrô diz ser “importante lembrar que a dificuldade enfrentada atualmente pelos passageiros para comprar e carregar o Bilhete Único foi causada pelo abandono dos pontos de venda por uma das empresas concessionárias”.
Além disso, a companhia afirma que está dobrando a rede de atendimento para crédito do Bilhete Único. “Até o final de março será concluída a instalação de 46 máquinas para compra e recarga e de 67 terminais de consulta e recarga de saldo, totalizando 113 equipamentos”, diz.
O Metrô afirma ainda que o consórcio responsável pelo Bilhete Metropolitano (Cartão BOM) está atualizando suas máquinas para comercializarem créditos do Bilhete Único.
FUJA DA FILA
Opções alternativas para recarregar o Bilhete Único:
Postos da SPTrans
Existem 40 deles pela cidade. Veja os mais próximos de você no site da SPTrans: http://bilheteunico.sptrans.com.br/comumPontos.aspx
Pontos de venda credenciados da SPTrans
Há cerca de 9.000 padarias, bancas de revista e farmácias autorizadas a fazer a recarga em São Paulo. Os endereços podem ser encontrados no site: http://bilheteunico.sptrans.com.br/comumPontos.aspx
Aplicativo da Rede Ponto Certo
Permite comprar créditos na hora, no débito, e já recarregar o bilhete. É preciso sistema Android e funcionalidade NFC (que permite troca de informações sem fios). Acesse o site: www.redepontocerto.com.br/rpc/appRPC.jsp
Aplicativo Zuum
O usuário deve criar uma conta corrente no serviço da empresa e comprar créditos com o número do Bilhete Único. A recarga fica disponível nas máquinas de autoatendimento em até 5 minutos. Acesse o site: http://zuum.com.br/bilheteunico/
* Com informações do jornal Folha de São Paulo