O novo sistema que regula o funcionamento dos trens da linha 2-Verde do metrô tem apresentado uma série de falhas, segundo funcionários. Desde 11 de fevereiro, quando o CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação, da sigla em inglês) passou a funcionar todos os dias, a linha já registrou panes graves cinco vezes.
Metroviários ouvidos pela reportagem do jornal Folha de São Paulo dizem que a adaptação do sistema antigo para o novo é a causa dessas panes, que colocam em risco passageiros e funcionários.
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O governo do Estado comprou o sistema em 2008, por R$ 700 milhões, da multinacional francesa Alstom. O contrato prevê que as linhas 1-Azul e 3-Vermelha também terão o novo sistema, mas só depois da instalação por completo na 2-Verde.
O CBTC foi anunciado pela gestão Geraldo Alckmin como a evolução do sistema metroviário, com a promessa de reduzir o intervalo entre trens, agilizando o transporte de passageiros.
O sistema estava em fase de testes. Por quatro anos, foi implantado gradativamente e funcionava aos finais de semana. O governo previa que entrasse em vigor todos os dias em 2010, mas sucessivas falhas no programa de computador atrasaram a implantação.
Desde o início da operação total, no dia 11, funcionários registraram falhas graves em horários de pico (quando o metrô está mais lotado). Houve paralisação dos trens por 40 minutos entre as estações Consolação e Trianon-Masp, no último dia 25.
A reportagem do jornal Folha de São Paulo estava na estação Consolação na ocasião e ouviu dos alto-falantes, às 17h50, de que se tratava de uma “falha no sistema CBTC”.
Funcionários dizem, também, que os trens costumam “sumir” das telas, o que ocorreu nos dias 22 e 23.
No dia 24, na estação Vila Prudente (ponto final), um trem passou da plataforma, segundo os relatos. O condutor acionou o freio e a composição parou a 30m da plataforma a 50m de bater no paredão do fim da linha.
Para o presidente do sindicato dos metroviários, Altino Prazeres, o metrô erra na forma de implantação do CBTC. “O futuro que prometem não chegou.”
METRÔ REFUTA
O diretor de operações do metrô de São Paulo, Mário Fioratti Filho, afirmou que o sistema CBTC não é a causa das falhas citadas e que ele estava em plenas condições de entrar em funcionamento, por isso foi implantado na linha 2-verde.
“O problema que causou a paralisação dos trens ocorreu diversas vezes no sistema antigo”, disse Mário Fioratti Filho.
O diretor negou que haja “desaparecimento” dos trens no sistema de monitoramento. O novo sistema, segundo ele, diminui em 20% o intervalo entre os trens.
* As informações são do jornal Folha de São Paulo