Jovens são vítimas de homofobia dentro da estação Butantã da Linha 4-Amarela

Dois jovens relatam ter sido agredidos por serem homossexuais no estação Butantã da Linha 4-Amarela do Metrô, na zona oeste da capital, por volta de 5h40 da última sexta-feira (11). Os relatos foram concedidos para o portal R7.

Alison Anisio da Silva, de 25 anos, e seu amigo Iego Jairon da Silva, de 20 anos, estavam no local quando um homem desconhecido, de aproximadamente 1,80 m de altura e 40 anos, que aparentava trabalhar pela região, avançou sobre eles gritando: “Tenho nojo de viado!”. De acordo com Alison, o agressor também mandou ele “calar a boca”.

  • Siga o Mobilidade Sampa nas redes sociais, estamos no X (antigo Twitter), Facebook, Instagram, Threads, Bluesky, YouTube e LinkedIn ou participe dos canais no WhatsApp e Telegram
  • – Ele falou que tinha “nojo dessa raça” e que tinha pavor a homossexuais.

    O agressor homofóbico atingiu Alison com um soco no rosto e Iego com um chute. Feridos, os jovens tentaram pedir socorro para a segurança da ViaQuatro, no intuito de acionarem a polícia militar e registrar o crime. No entanto, as vítimas afirmam que os seguranças não ajudaram no caso. Segundo Alison, eles permitiram que o agressor fosse embora.

    – Eles falaram: “deixa ele ir e depois vocês vão pra casa de vocês numa boa”. Aí eu falei “olha como eu tô. Não tem como ir pra casa numa boa”.

    Os seguranças também disseram para os jovens que o local em que eles foram agredidos não tem câmeras de segurança para ajudar na identificação do suspeito e que “não tinha o que fazer”. Porém, Alison diz que é capaz de identificar o homem.

    – Eu nunca vou esquecer aquele rosto. Eu vou levar para o resto da minha vida. A gente fica traumatizado.

    Os rapazes registraram o boletim de ocorrência no 51º Distrito Policial do Butantã, mas ao relatarem a causa como homofobia foram destratados na delegacia. As vítimas realizaram exames no Instituto Médico Legal Central, Alison teve a arcada dentária comprometida após as agressões, pois seus dentes ficaram moles.

    – Fui à dentista pra saber como vou começar a cuidar disso. Isso me gerou muitos gastos que não sei por onde vou começar.

    Ainda no Instituto Médico Legal, Alison disse que passou por mais um constrangimento: a mulher que fez os exames nele “fez um negócio com a mão meio que querendo dizer ‘cadê’ [os ferimentos]”.

    – Eu quero ir adiante com isso. Eu preciso de um apoio. Se a gente se calar, vem outro e me agride de novo.

    A Secretaria de Segurança Pública e a concessionária ViaQuatro enviaram notas ao portal R7 a respeito do assunto.

    A Secretaria de Segurança Pública disse que “não tolera desvios de conduta por parte de seus funcionários” e informou que “o caso será encaminhado para Corregedoria da Polícia Civil”.

    A ViaQuatro, que administra a estação Butantã, informou que “está apurando o caso” e afirmou que “repudia qualquer tipo de discriminação”.

    Alison diz, ainda, que não quer que o agressor “faça isso com outras pessoas” e que sua orientação sexual não pode ser um motivo para que ele “seja tratado dessa forma”.

    – Lembro que uma senhora tocou no meu ombro e falou “meu Deus, que covardia”. Mas ninguém ajudou. Eu até entendo as pessoas que não ajudam, mas o segurança não ajudar é inadmissível.

    Deixe um comentário