Apesar de dois incêndios, um nesta segunda (21) e outro em 1946, um terço do prédio da estação da Luz continua intacto, com elementos de 1902, quando foi erguido.
É a parte à direita da torre do relógio, quando a estação é vista de frente, a partir do parque da Luz. Ali funciona a administração do museu.
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De acordo com bombeiros ouvidos pelo jornal Folha de São Paulo, no incêndio desta segunda os soldados concentraram esforços para que o fogo não atingisse a torre do relógio e se alastrasse pelo resto do edifício.
Uma vez que o espaço também começasse a queimar, seria muito mais difícil conter as chamas, pois não há entrada externa para o local, como as enormes janelas do resto do prédio – o que impediria a ação dos bombeiros.
Segundo um soldado da corporação, eles impediram que o fogo se alastrasse para a torre combatendo o incêndio de dentro do salão que estava em chamas. O fogo chegou exatamente até a última janela antes da torre.
A parte preservada tem portas, janelas e assoalho de madeira original do começo do século 20 e uma escadaria com desenho inglês, segundo o arquiteto Pedro Mendes da Rocha.
Ele e seu pai, Paulo Mendes da Rocha, foram os responsáveis por coordenar a readequação do edifício para receber o Museu da Língua Portuguesa, de 2000 a 2006.
Já os outros dois terços foram atingidos nos dois incêndios. Depois do fogo na metade do século, essa parte já havia sido reformada, e tinha piso de concreto.
“A fatalidade do incêndio de 1946 norteou os critérios de ocupação do edifício. Para as alas que foram reconstruídas naquela época, nos deram maior liberdade de atuação, porque ela já não era mais original”, conta. Daí a parte expositiva do museu ficar nos dois terços à esquerda da torre do relógio.
“A torre do relógio funciona como bloqueador do incêndio, por sua construção e por ser um elemento vertical, com paredes grossas. Funciona como uma chaminé”, diz Pedro.
Na tarde desta segunda, ele foi para a frente da estação observar o fogo. “Foi uma destruição bastante severa.”
Por volta das 21h, o trabalho de rescaldo do incêndio ainda era feito. Nas vigas, feitas de madeira de lei, dava para ver três pequenos focos ainda ardendo. A torre continua inteira e o relógio, funcionando.
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Fonte: Folha de São Paulo