À meia noite de quinta (23), o sistema de som anuncia o “fim da operação comercial” da estação Paulista. As portas começam a se fechar. Enquanto isso, um grupo de alpinistas se prepara para lançar suas cordas dentro do prédio.
Não se trata de lazer, mas de trabalho. Nas estações da linha 4-amarela, onde vãos internos com mais de 30 metros de altura são comuns, é preciso recorrer ao rapel para retirar a sujeira das paredes e das laterais das escadas rolantes.
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A maior parte da poluição vem da fumaça dos veículos da rua. Os resquícios de combustível têm gordura, que gruda nas paredes. “Se não for limpo, pode haver dano às estruturas daqui a 60 anos”, explica Rafael Juncioni, coordenador de manutenção.
Como ficam perto de grandes avenidas, as estações Paulista e Pinheiros são as que dão mais trabalho. Já a Faria Lima costuma ser a menos poluída do trecho
Outro ponto de preocupação são os chicletes. Ao serem grudados nas paredes ou pisos, demoram a sair: são até 40 minutos por goma. Em casos extremos, é preciso recorrer a uma máquina de vapor para retirá-los.
A limpeza completa das paredes é feita uma vez por ano. Para cuidar de todas as estações da linha 4, é preciso cerca de seis meses. Cada local demanda semanas, já que o serviço só pode ser feito de madrugada.
Na limpeza acompanhada pela sãopaulo, uma equipe de cinco alpinistas de uma empresa terceirizada subiu até o telhado da estação Paulista e entrou por uma abertura lateral, a 27 metros do chão. Com tranquilidade, eles andaram pelas vigas do teto até o lado oposto, onde fixam as cordas.
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“Antes de descer, um instrutor mede a pressão arterial de todos e conversa com eles para ver estão em boas condições”, diz Juncioni.
Terminados os testes, começa a descida. Cada alpinista leva um balde com detergente, uma vassoura e panos. Com destreza, passam o tecido nas paredes e laterais das saídas de ventilação e das escadas rolantes. Após algumas passadas, o material fica escuro e precisa ser trocado. Leva-se em torno de meia hora para descer uma parede.
A ViaQuatro, que opera a linha 4-amarela, proibiu que os trabalhadores falassem com a reportagem.
Comparados com o concreto liso típico das outras linhas, as pastilhas coloridas e o piso branco dão mais destaque à sujeira.
Como as estações do metrô estão cada vez mais coloridas, altas e profundas, o rapel deve se tornar mais requisitado. A linha 6-laranja, em obras, prevê estações com até 60 metros de profundidade.
Fonte: TV Folha