O número de paulistanos que reclamam das ciclovias implantadas pelo prefeito Fernando Haddad (PT) aumentou 500% de 2014 para este ano, mas ainda assim é insignificante em termos numéricos, segundo dados da administração municipal.
De acordo com a Prefeitura, no ano passado a Ouvidoria contabilizou apenas duas queixas pelo canal oficial de recebimento de reclamações e sugestões, o telefone 156. Já neste ano, foram 12.
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Uma busca em um dos principais sites de reclamação disponíveis na internet, o Reclame Aqui, no entanto, mostra que centenas de pessoas estão descontentes com as ciclovias na porta de casa ou do comércio ou mesmo na rua que passam diariamente. É verdade também que outras centenas apoiam a construção de espaços exclusivos para as bicicletas.
O curioso é que as insatisfações dos moradores, em sua maioria, não geram resultado. A própria Prefeitura admite que em apenas uma ciclovia, no Pacaembu, na região central, as sugestões e críticas foram acatadas. Nesse caso, foi mudado o traçado. Em outra, na Chácara Santo Antônio, na Zona Sul, as sugestões serão consideradas, diz o governo.
Enquanto isso, em ciclovias como a da Vila Prudente, na Zona Leste, permanece a insatisfação. Nessa via de ciclistas de 2,1 km entre a Rua Ibitirama e a Avenida Francisco Falconi, passando pelas ruas Professor Gustavo Pires de Andrade, Pinheiro Guimarães e Mário Augusto do Carmo, os moradores reclamam do traçado e da falta de visibilidade. O trecho mais crítico é na Avenida Francisco Falconi, sentido bairro, na esquina com a Rua Mário Augusto do Carmo. Os motoristas reclamam porque perderam metade de uma faixa de rolamento e são obrigados a invadir a pista do lado para não atingir o balizador instalado na ciclovia.
De janeiro a maio deste ano foram implantados 86,2 km de ciclovias na cidade. Na gestão anterior, a cidade contava com apenas 64,7 km.
“O problema é que infelizmente essa gestão não ouve movimentos de moradores que não sejam do PT”, acusa a urbanista Lucila Lacreta, do Defenda São Paulo.
Traçado na Praça Vilaboim muda após ‘guerra’
Foi uma guerra. Desde sua inauguração, em setembro do ano passado, donos de bares e restaurantes da Praça Vilaboim, em Higienópolis, na região central, reclamavam que a via de ciclistas, pintada junto à calçada do lado direito, prejudicava o acesso de clientes aos estabelecimentos, já que é proibido parar e estacionar sobre as ciclovias.
Depois de muita discussão, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) decidiu alterar o trajeto da pista a partir de sugestão dos comerciantes e mudou a pista para o outro lado da rua. “Falou mais alto o bom senso”, comemora Alain Cohen, um dos comerciantes que se mobilizou contra o espaço das bikes.
Hoje ele começa na Rua Armando Penteado e segue à direita até a Piauí. Com a mudança, houve uma bifurcação à esquerda ao chegar à praça, pela Rua Aracaju. O trecho que passa pelos restaurantes foi apagado. Antonio Moura Filho, comerciante do outro lado da rua, reclama. “Resolveram o problema de uns e criaram para outros”.
Quem também não gostou foram os cicloativistas, que acusaram a Prefeitura de se curvar aos interesses dos empresários. A administração municipal afirmou, em seu perfil na rede social do Facebook, que a mudança foi feita “em função da readequação das linhas de trólebus e implantação de parklets, portanto não há que se falar em pressão ou recuo”.
RESPOSTA DA PREFEITURA
A Prefeitura informou que abre espaço para os setores envolvidos ou interessados (comerciantes, moradores, movimentos sociais) exporem suas sugestões sobre a implantação das ciclovias. “Os problemas observados são inspecionados por técnicos da CET, que avaliam a necessidade de readequação viária, como ocorreu na ciclovia do Pacaembu em trecho na Praça Vilaboim e será realizado na ciclovia localizado na Chácara Santo Antônio, em trecho da Rua Fernandes Moreira, Zona Sul”, afirmou. “A Prefeitura implantou o projeto SP 400 km em junho do ano passado. A meta da atual gestão é entregar 400 km até o final de 2016. De janeiro a maio foram 86,2 km.”
Fonte: Diário de São Paulo