O número de mortos em acidentes de trânsito em São Paulo aumentou em 2014. No ano passado, foram registradas 1.249 mortes, ante 1.152 em 2013, uma alta de 8,4%.
Este foi o primeiro aumento desde 2011. Por outro lado, o número de acidentes apenas com feridos caiu na cidade, de 23.365 em 2013 para 21.704 no ano passado, uma queda de 7%.
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Dentre os mortos, a maioria é de pedestres atropelados (555, ou 44,4%). Os números foram apresentados na quinta-feira (30/04) pelo secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto.
Na avaliação dele, uma das hipóteses para o aumento no número de mortes é o comportamento dos motoristas.
“O motorista tem conflito consigo mesmo sobre o que é mais importante, sua segurança ou a velocidade.” Tatto disse ainda que há “melhores condições” de trânsito. “Quando há melhores condições de circulação, as pessoas correm”, afirmou.
Ele voltou a dizer que, para reduzir os acidentes, a prefeitura vai diminuir a velocidade máxima permitida de cerca de 100 km/h de vias. Entre elas estão as marginais Pinheiros e Tietê, campeãs em número de mortes. Nelas, o limite das vias expressas deve cair de 90 km/h para 70 km/h a partir de junho.
A Jacu-Pêssego deve ter o limite de 60 km/h reduzido para 50 km/h também em junho, quando o trecho leste do Rodoanel ficar pronto, tirando os caminhões da avenida da zona leste.
PEDESTRES
Para o engenheiro e especialista em planejamento de transporte Ivan Whately, a redução da velocidade é válida, mas tem de vir acompanhada de outras medidas, como o foco na proteção dos pedestres. “Ninguém cuida do pedestre, e 32% dos deslocamentos da cidade são feitos caminhando”, afirma.
Ele também pede uma restrição na circulação de motocicletas em algumas vias da cidade.
MARGINAL
Das 40 mortes em acidentes que a marginal Tietê deve em 2014, na liderança entre as vias da cidade, 33 foram de motociclistas ou pedestres, mais de 80% do total.
Anderson Cotrin de Souza, 33 anos, que é motoatendente, passa na via todos os dias. Para ele, motociclistas têm a maior parte da culpa pelos acidentes. “A maior culpa é do motoqueiro, principalmente do motoboy, que na presa quer cortar os carros, mas os motoristas também trocam de faixa sem nem olhar”, diz Souza.
Para ele, a redução da velocidade da via não alterará o cenário. “Quem não respeita o limite vai continuar não respeitando”, afirma.
Flagrado pela reportagem atravessando um braço da marginal fora da faixa de pedestres, o padeiro Genival Bezerra, 42 anos, reconhece o erro. “Os pedestres precisam respeitar a faixa. Eu mesmo não respeitei agora, na pressa. Foi um erro, assumo.” Para ele, a redução do limite de velocidade seria benéfica. “Estou de acordo”, disse.
Fonte: Folha de São Paulo