Não é fácil andar em meio aos vários tapumes e barreiras de concreto da obra da Linha 15-Prata do monotrilho. A tarefa fica ainda mais complicada – e perigosa – porque os trabalhos acontecem em plena avenida Anhaia Mello, sempre com tráfego intenso de veículos, e o consórcio responsável não está sendo zeloso com os pedestres. Atentada pela grande quantidade de reclamações que vem recebendo do trecho entre as ruas Itamumbuca e Ibitirama, no sentido centro da avenida, a reportagem da Folha percorreu o local nas duas últimas semanas e se deparou com uma sucessão de obstáculos: desníveis, areia e pedriscos, poças e lamaçal, falta de sinalização e iluminação e até um trator cruzando o espaço destinado aos transeuntes.
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Parte dos problemas já foi citada em matéria publicada pela Folha no final de março, no entanto, quando voltou para conferir as correções solicitadas pela Companhia do Metropolitano – Metrô ao consórcio responsável, a reportagem constatou que nada havia mudado. Somente após nova cobrança, o desnível na passagem aberta para pedestres, no canteiro central, em frente à estação Vila Prudente do metrô, ao invés de ser corrigido, recebeu pintura laranja para chamar a atenção dos transeuntes. “Mas a iluminação continua precária e o certo era arrumar o piso, não pintar de outra cor. À noite continua perigoso”, reclama a estudante Ana Claudia da Silva, que utiliza o caminho de segunda a sexta-feira quando retorna da faculdade. “Acho que vou concluir o meu curso e essa obra do monotrilho ainda não acabou. Só conseguem mudar de lugar o semáforo para a gente cruzar a Anhaia Mello, já perdi as contas de quantas alterações fizeram. Mas, desta vez, ficou péssimo: o caminho é longo e cheio de problemas que já provocaram muitos tombos. E ainda perdemos um tempão por causa do tempo dos faróis”, completa. Sobre o período semafórico destinado aos pedestres, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) insiste que é o adequado para garantir a travessia em segurança e que ela deve ocorrer em dois ciclos.
O Metrô informou na quarta-feira, dia 22, que além da pintura de sinalização na cor laranja, os desníveis receberam concreto frisado e inclinações permitidas pelas normas, para que o piso tenha aderência e não fique escorregadio. Sobre a iluminação, destacou que a construtora foi acionada para verificar os níveis de luminosidade e melhorá-los, caso necessário. Quanto ao trator cruzando o caminho dos pedestres, o Metrô lamentou o ocorrido, reorientou a empreiteira e intensificou a fiscalização.
Pedestres se deparam com problemas semelhantes no cruzamento da Anhaia Mello com a rua Ibitirama. As barreiras de concreto colocadas no trecho para delimitar o espaço das pessoas e dos veículos têm ferros expostos e o piso fica escorregadio por causa da areia e pedriscos que escapam da obra. A situação piora porque muitos tentam fazer o percurso na correria para não ter que aguardar nova abertura do semáforo. “Ainda temos o agravante da falta de respeito de motoristas que param em cima da faixa de pedestres ou não respeitam o semáforo vermelho, apesar do tempo ficar muito mais tempo aberto para os veículos. E nunca tem agente da CET para flagrar esses absurdos”, destaca Gislene Rodrigues.
O Metrô informou que também pediu para o consórcio construtor intensificar a limpeza.
Chuva e lamaçal
Na esquina da Itamumbuca, além das diversas barreiras da obra, os pedestres tinham que driblar as poças e evitar escorregar no lamaçal formado em alguns trechos após a chuva desta semana. “É inacreditável que ninguém inspecione tudo isso diariamente. Estamos falando da esquina de uma estação do metrô, por onde circulam centenas de pessoas por hora. Mas, preferem esperar a gente reclamar, para só depois ‘enxergarem’ o problema. É muito desrespeito”, afirma o aposentado Giuseppe Morales.
Fonte: Folha da Vila Prudente