Um protesto ordeiro, pacífico, bastante organizado e com regras bem definidas – por exemplo, a de não se ocupar o vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para evitar qualquer tipo de dano estrutural ao prédio que é patrimônio cultural do Estado – e com número de pessoas semelhante à de um milhão, calculada no dia 15 de março passado . As estimativas se referem à manifestação marcada para este domingo (12), na avenida Paulista, e foram traçadas não pelos movimentos que a organizam, mas pela Polícia Militar (PM) paulista. Foi a PM, por sinal, que estimou o público superior a 1 milhão de pessoas no ato passado – diante dos 210 mil manifestantes calculados pelo instituto Datafolha.
O panorama foi traçado na última quarta-feira (8) pela corporação após uma reunião a portas fechadas com lideranças dos movimentos na sede do Copom, órgão de comunicação da PM. A maioria dos grupos defende o impeachment ou a renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT), enquanto outros pedem “intervenção militar constitucional”.
De acordo com o porta-voz da PM, capitão Émerson Massera, pedidos de manifestantes por selfies com integrantes da Tropa de Choque ou mesmo por intervenção militar, comuns no ato do dia 15, não sofrerão nenhum tipo de ação por parte da polícia. As fotos, segundo o policial, “muito pelo contrário”, serão feitas, se pedidas, porque isso estaria “dentro de uma filosofia de polícia comunitária”. Já os pedidos de intervenção, definiu Massera, “são tudo liberdade de expressão”. “Desde que não haja confronto, não há o que ser feito. Mas, se houver animosidade, a PM vai intervir”, disse.
Para este ato, segundo o porta-voz, está previsto o reforço do policiamento nas imediações das estações de metrô e a “suspensão temporária” do atendimento caso haja acúmulo significativo de usuários dentro delas. No ato do dia 15, as catracas chegaram a ser temporariamente liberadas – o que não teria sido exposto pelo Metrô à PM, para o dia 12, como nova possibilidade.
Já a liberação do Masp, declarou o PM, foi pedida pela própria direção do museu sob alegação de que, em caso de concentração grande de pessoas se movimentando na área, a estrutura poderia ser prejudicada.
Interdição da Paulista e vistoria no Pacaembu
A interdição da Paulista será feita do meio-dia às 19h, entre a Praça do Ciclista, próximo à Consolação, até a Praça Oswaldo Cruz, no Paraíso. O encerramento está previsto para as 19h, conforme o acordo dos organizadores com a PM.
De manhã, das 9h às 11h, equipes da PM inspecionarão os veículos – carros e caminhões de som – que participarão do protesto. A inspeção será feita na Praça Chales Muller, no Pacaembu. O objetivo é verificar se eles estarão em condições de segurança. Sem essa inspeção, promete a polícia, os carros de som não entrarão na Paulista.
O protesto também não deixará a avenida, ainda que, calcula a polícia, possa gerar aglomeração em vias paralelas e transversais.
Contagem do público
Sobre o cálculo do público para este ato, Massera admitiu que haverá um “reforço na equipe” para o trabalho, em função da “grande divergência” entre o dado da PM e o do Datafolha.
“A expectativa é que seja público semelhante. Partimos de cálculo da área ocupada, em quadrantes diferentes da avenida. No domingo, teremos uma equipe especial para isso, com um helicóptero só para essa contagem, mas também registraremos determinados momentos do protesto com fotos, e não só imagens de vídeo, para saber a área de ocupação e a concentração de pessoas”, afirmou. “Claro que o que temos é uma estima, mas não pode haver uma divergência tão grande (como a do dia 15)”.