“Um monte de coisa acontece todo dia e não percebemos. Não ouvimos a senhora que quer contar o que aconteceu na feira de manhã, não olhamos a menina que brinca de boneca no colo da mãe. Decidimos reunir histórias ouvidas e vividas no busão, para mostrar o que acontece ao lado delas e elas sequer percebem”. É assim que a viagem pelo Ouvi No Busão (ONB) começa.
Com relatos de uma “Inocente Nordestina”, “Uma moça de cabelo ruivo” e “Uma moça que chorava ao som de uma música irreconhecível”, a 1ª edição do ONB foi distribuída gratuitamente em terminais de ônibus e Metrô da capital.
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O projeto foi criado pelos estudantes de Comunicação Harrison Kobalski, 20, do Itaim Paulista, zona leste, Amanda Pina, 20, do Jardim Antártica, na zona norte, e Maria Nascimento, 18, de Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
Eles se conheceram em 2013 num programa de jornalismo da TV USP (Universidade de São Paulo), mas foi em março de 2014 que os três resolveram se juntar para desenvolver o trabalho.
“A maior importância do ONB é gerar, trocar, tocar essa sensibilidade de todos que se envolvem com a história, tanto de quem escreve pra quem lê, quanto do personagem descrito com quem o escreve ou até mesmo do leitor com o próprio personagem”, afirma Amanda.
O projeto conseguiu recursos por meio do programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) da prefeitura de São Paulo. Os textos foram inspirados nas histórias ouvidas dentro dos coletivos, mas tratam-se de contos, sem conter a identidade das pessoas.
Foram cinco edições impressas, cada uma delas com tiragem de 1.100 cópias. Ao todo, 5.500 exemplares foram distribuídos gratuitamente nos terminais de ônibus e metrôs de Dom Pedro II, Cachoeirinha e Tatuapé.
“[O objetivo] é gerar a comunicação entre as pessoas naquele ambiente do busão, que é sempre lembrado como uma árdua parte do seu dia. E, a partir dessa comunicação, as pessoas melhorem essa viagem até seus compromissos”, diz Maria.
“É nos colocarmos como cidadãos e olhar para pessoas que dividem o espaço conosco com mais atenção, perceber que o que me separa de um morador da outra ponta da cidade são apenas alguns quilômetros, que podem ser quebrados com o transporte público”, opina Harrison. Confira as edições online
O grupo planeja continuar com o projeto, porém o foco será outro: transformar o ONB em oficinas e produções com a sociedade para jovens, entre 16 e 24 anos que estudam designer, desenho, em escolas técnicas, e para quem goste de escrever uma boa história.
Durante o ano de 2014, os três integrantes iniciais tiveram a chegada de um designer, Gustavo Alencar, 21, e um ilustrador, Fernando Oliveira, 24.
“Foi surpreendente por poder agregar o trabalho de amigos a experiência de dirigir a arte do livreto”, comenta Gustavo. “O projeto desperta curiosidade e traz para o leitor a oportunidade de se sensibilizar e conhecer história do cotidiano paulistano”, complementa Fernando.
Escrito por: Jéssica Souza jsouza.mural@gmail.com
Via: Blog Mural