O mercado de motos elétricas vive uma expansão inédita no Brasil, combinando inovação tecnológica, preocupações com autonomia e necessidade de adaptação dos condutores. Segundo a Fenabrave, o número de licenciamentos mais que dobrou no primeiro trimestre de 2025, alcançando 3.452 unidades contra 1.686 no mesmo período de 2024. Esse avanço reflete a busca por mobilidade sustentável e a entrada de novas marcas no país, mas também traz desafios em infraestrutura, conscientização e segurança no trânsito.
A autonomia e a forma de recarga ainda são fatores decisivos para consolidar a confiança dos consumidores na mobilidade elétrica. De acordo com Silvio Rotilli, CEO da Auper, os modelos disponíveis no Brasil oferecem entre 60 e 180 km por carga, mas a autonomia real costuma ser menor devido às condições urbanas, como subidas e acelerações frequentes. Essa diferença entre o desempenho prometido e o entregue na prática é uma das principais barreiras para viagens longas. Em trajetos urbanos, no entanto, a autonomia é suficiente, já que o deslocamento médio diário varia entre 20 e 40 km.
Motos elétricas: autonomia e infraestrutura ainda desafiam o mercado
O maior obstáculo para o crescimento das motos elétricas está na infraestrutura de recarga. Embora o número de eletropostos esteja em expansão, o país ainda depende da rede criada para carros elétricos. Fora dos grandes centros urbanos, a falta de pontos de recarga e de estações de troca rápida (swap) limita o uso em longas distâncias. Usuários relatam dificuldades com empresas que oferecem aluguel de motos com troca de baterias, como filas de espera e estações fora de operação. Assim, a maioria dos proprietários recarrega suas baterias em casa ou no trabalho, o que garante praticidade, mas restringe o alcance.
Aplicativos ajudam a localizar eletropostos e realizar pagamentos, mas ainda enfrentam problemas de conectividade e cobertura. Para superar esses entraves, empresas como a Auper investem em software e hardware próprios para garantir segurança, durabilidade e controle total das motos. A marca brasileira aposta em inovação e flexibilidade para adaptar o uso das motos elétricas à rotina do público urbano, reforçando o papel do país na mobilidade limpa.
Motos e segurança: comportamento e treinamento dos condutores são cruciais
Com o aumento das vendas, cresce também a necessidade de preparar os motociclistas para o uso seguro das motos elétricas. Diogo Figueiredo, gerente do CEPA Mobility, alerta que o torque imediato, a aceleração linear e o silêncio do motor exigem uma pilotagem mais consciente. O ruído reduzido dificulta a percepção por pedestres e motoristas, elevando o risco de acidentes em área- muda a sensação de controle e requer treinamento específico para evitar desequilíbrios.
O CEPA recomenda que novos usuários treinem arrancadas suaves, planejem a autonomia e pratiquem frenagens progressivas. Apesar de demandarem menos manutenção no motor, as motos elétricas exigem cuidados com pneus, freios, suspensão e recarga segura das baterias. Figueiredo destaca que a transição para o transporte elétrico deve vir acompanhada de programas de capacitação, regulamentação e conscientização sobre as particularidades do novo modelo de pilotagem.
O futuro das motos elétricas no Brasil é promissor, mas depende da combinação entre tecnologia, infraestrutura e educação no trânsito. A popularização das duas rodas elétricas representa mais que uma tendência sustentável: simboliza uma mudança cultural que redefine o jeito de se mover nas cidades, unindo eficiência, economia e responsabilidade ambiental.
