Empresários da Mooca manifestaram preocupação com o projeto de instalação do pátio de manobras e manutenção da Linha 16-Violeta do Metrô na Avenida Henry Ford, importante eixo logístico e industrial da Zona Leste de São Paulo.
Representantes da Associação Avenida Henry Ford, Mooca & Região participarão da audiência pública presencial promovida pelo Governo do Estado de São Paulo, que será realizada nesta terça-feira (7/10), às 9h, no auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), localizado na Avenida do Estado, 777 – 5º andar.
A entidade, que reúne 228 empresas e representa cerca de 15 mil trabalhadores, apoia a construção da Linha 16-Violeta, reconhecendo sua importância para a mobilidade e o desenvolvimento da capital. No entanto, o grupo alerta para possíveis impactos econômicos, logísticos e urbanísticos caso construam o pátio do metrô na região da Avenida Henry Ford.
Segundo a associação, a eventual desapropriação de imóveis industriais pode resultar na demissão de centenas de trabalhadores. A medida também pode causar prejuízos operacionais e riscos à competitividade de empresas com atuação nacional.
Associação propõe alternativa e cobra transparência
A entidade já enviou à Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) um manifesto técnico detalhando os impactos socioeconômicos da proposta e sugerindo alternativas de localização para o pátio – entre elas, uma área pública próxima à Avenida Presidente Wilson, considerada mais adequada pela associação.
Para o presidente da entidade, Anderson Festa, a audiência pública representa uma oportunidade de diálogo:
“Não somos contra a expansão do metrô. Pelo contrário, apoiamos obras que melhorem a mobilidade e a qualidade de vida dos trabalhadores. O que pedimos é transparência e previsibilidade sobre o traçado da linha, para evitar desapropriações que possam desabrigar empresas e comprometer empregos”, afirmou.
Estudo aponta 41 imóveis afetados na Avenida Henry Ford
Um parecer técnico urbanístico e mercadológico, elaborado pela Urbis Planejamento e Projetos, aponta que 41 imóveis ativos na Avenida Henry Ford sofrem impacto direto. As desapropriações previstas afetariam essas propriedades de forma significativa. O levantamento ressalta que as empresas da área são de grande porte, com relevância nacional, e geram milhares de empregos diretos e indiretos.
O estudo também destaca que a desapropriação entraria em conflito com a Lei Municipal 16.050/14. A norma orienta o crescimento da cidade em torno do transporte público existente, priorizando o aproveitamento da infraestrutura urbana já consolidada.
Avenida Henry Ford: polo logístico e industrial estratégico
A Avenida Henry Ford é um dos principais corredores industriais e logísticos de São Paulo. Ela é essencial para a “última milha” de distribuição devido à sua proximidade com o centro expandido. O local abriga galpões, centros de distribuição e indústrias que garantem o abastecimento da cidade.
A remoção dessas atividades, segundo o estudo da Urbis, poderia comprometer a eficiência logística da capital e afetar cadeias produtivas que dependem da região.
A Mooca também se destaca por abrigar uma das maiores frotas de veículos elétricos do país, contribuindo para a redução de emissões e ruídos urbanos.
Além disso, a região recebe cerca de 800 carretas de aço por mês por meio de um ramal ferroviário ativo. Isso otimiza a logística e reduz o tráfego de caminhões nas vias urbanas.
Insegurança jurídica e desafios para empresas
De acordo com a associação, a possibilidade de desapropriação gera insegurança jurídica aos empresários e incertezas aos trabalhadores, já que o processo de realocação industrial pode ser caro e demorado.
O presidente Anderson Festa lembra que diversas indústrias da região possuem licenças específicas para atividades metalúrgicas, plásticas e de armazenagem, e que a transferência de maquinários de grande porte pode levar meses ou até anos.
“Trata-se de um polo econômico consolidado e vital para a cidade. Nossa preocupação é garantir que a expansão do metrô ocorra de forma planejada, sem comprometer empregos nem a base produtiva da Mooca”, concluiu Festa.