Movimento Passe Livre faz segundo ato contra aumento de passagens em São Paulo

O protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem realizado no Centro de São Paulo, na noite da última sexta-feira (16), terminou com correria, bombas de gás e ao menos três agências bancárias depredadas. A nossa equipe esteve presente e acompanhou os fatos no local.

O ato começou por volta das 18h na praça do Ciclista, na avenida Paulista. O grupo de cerca de 3.000 pessoas, segundo estimativa da polícia, decidiu fazer a passeata saindo da Avenida Paulista, descendo a Rua da Consolação com destino a Prefeitura de São Paulo no Viaduto do Chá. O MPL (Movimento Passe Livre), que organizou o ato, estima que o total de manifestantes tenha chegado a 20 mil. O número estimado de policiais segundo a PM chegava em torno de 900 homens.

No percurso pela rua da Consolação, em todo o trajeto o ato seguiu pacífico, mas houve um momento de correria, na altura do cemitério da Consolação, mas sem pessoas feridas ou detidas. Os policiais abordaram alguns suspeitos com mochilas, mas os liberaram em seguida. Logo após, o ato prosseguiu até a frente da prefeitura, onde houve nova confusão.

Os manifestantes ficaram provocando os policiais, jogando pedras nas viaturas e lançando fogos de artifícios contra a corporação. Com isso, a PM atirou bombas de gás e gás de pimenta contra os manifestantes, o cheiro era bastante forte. Algumas pessoas passaram mal. Toda aquele espaço incluindo o Theatro Municipal, Viaduto do Chá, Rua Cel. Xavier de Toledo e Metrô Anhangabaú (entrada pela Xavier de Toledo) ficou com o clima bastante tenso, um grupo muito grande de manifestantes continuava se confrontando com os policiais. E vários desses manifestantes, que na verdade são autênticos vândalos, quebraram orelhões, lixeiras, bancas de jornais e os policiais a todo momento prendiam diversos grupos.

A Polícia Militar afirmou no local que oito pessoas foram detidas e encaminhadas ao 78º DP (Jardins). A corporação, no entanto, afirmou que ainda não tinha um número fechado por volta das 23h.

Ao menos três agências bancárias foram depredadas durante o ato. Uma da Caixa Econômica Federal na rua Líbero Badaró; outra do Banco do Brasil, na rua Xavier de Toledo; e um Citibank, na avenida São João. As duas entradas da estação Anhangabaú da Linha 3-Vermelha do Metrô também chegaram a ser fechadas. Por volta das 22h somente a entrada da Rua Formosa permanecia aberta.

Por mais que a manifestação seja um direito do cidadão de se expressar contra o aumento da tarifa fere também o direito do cidadão de ir e vir. Pois atrapalhou o trânsito na volta para casa, já que as ruas da região ficaram interditadas e também o acesso ao Metrô Anhangabaú pelas Rua Formosa e Xavier de Toledo que foi prejudicado. Sem contar também com os comerciantes que tiveram que fechar as portas mais cedo, fora os que tiveram os comércios depredados. Os atos de vandalismo são errados e tem que serem coibidos, mas o que deveria ser um ato pacífico, também terminou com confronto igual o da última manifestação do dia 9/1.

Através do Twitter, o Robinson Mascarenhas (@robinson_ma) nos relatou que muitas linhas de ônibus da SPTrans na região do Anhangabaú foram desviadas e observou uma mãe com seu filho e um cadeirante na porta do Metrô Anhangabaú no momento do disparo das bombas, mas que ainda bem conseguiram entrar antes de fechar. A região do Terminal Bandeira da SPTrans também foi afetada. Ele também observou muito lixo jogado nas ruas e dentro da estação Anhangabaú o forte cheiro de gás de pimenta era predominante. As pessoas não podiam sair, entrar ou sair da estação. No Metrô República também teve situação parecida. A Aira Elaine (@airatomaz) nos relatou que dentro da estação República havia um forte cheiro de gás lacrimogêneo e houve bastante correria e gritos.

As passagens estão mais caras desde o dia 6 de janeiro, quando passaram de R$ 3 para R$ 3,50. O valor não subia desde 2011 nos ônibus e desde 2012 no caso dos trens e metrô.

Esse é o segundo ato promovido pelo MPL desde o aumento. No data (9/1), o protesto terminou em confronto, vandalismo e 51 pessoas detidas.

Matéria: Eduardo Silva