O grupo brasileiro MPE vai sair do consórcio da Linha 17-Ouro, um dos monotrilhos de São Paulo, no qual participa como um dos fornecedores de material rodante, sistemas e sinalização. A empresa da Malásia Scomi, parceira da MPE no projeto, vai assumir toda a encomenda. O monotrilho é um sistema de transporte que circula em vias elevadas com os trens movidos a propulsão elétrica sobre pneus de borracha.
Na prática, a Scomi já assumiu a parte da MPE, mas a oficialização da saída deve ocorrer até o fim do mês, quando será entregue à Justiça uma proposta de acordo de reestruturação da parte de obras civis do consórcio paralisadas desde novembro.
Participe dos canais do Mobilidade Sampa: X (antigo Twitter), Facebook, Instagram, Threads, Bluesky, YouTube, LinkedIn ou canais no WhatsApp e Telegram
As razões para a saída da MPE são contraditórias. Segundo o secretário estadual dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, a empresa não tem condições de fazer os trens e está em dificuldades financeiras. O presidente da companhia, Adagir Salles, nega que haja problemas dessa ordem. Afirma que o projeto tem “valores apertados” e que, de fato, está em tratativas finais para sair do contrato. A MPE Montagens e Projetos Especiais, responsável pelo projeto do monotrilho dentro do grupo MPE, é investigada na operação Lava-Jato.
Por sua vez, a Scomi diz que houve um acordo entre as partes e que a decisão de assumir toda a encomenda está inserida na estratégia de posicionamento da empresa no mercado brasileiro, onde pretende alçar voos maiores, com o fornecimento de trens da Linha 18-Bronze do Metrô.
O chamado “Consórcio Monotrilho Integração” é responsável por um dos quatro – e o maior – contratos da Linha 17-Ouro. A parte de obras civis dele, como pilares e vigas, está a cargo das empreiteiras Andrade Gutierrez e CR Almeida e será reformulada. De acordo com o secretário, após a Justiça ter negado pedido de reequilíbrio feito pela Andrade Gutierrez, a empresa propôs ao governo terminar sua parte, mas com um escopo menor que o original. Irá implementar as 132 vigas que já tinha produzido, as vigas curvas, e fabricar mais 250 vigas que faltam. “Depois teremos de licitar praticamente só a colocação das vigas”, disse Clodoaldo Pelissioni.
A proposta se mostrou vantajosa para o Estado, disse o secretário, que quer retomar a obra. Pela previsão original, a Linha 17-Ouro deveria estar pronta em 2014. “Imaginamos que até o dia 27 a proposta de acordo seja entregue na Justiça e que as obras possam ser retomadas em maio”, disse.
Dos outros três contratos da Linha 17-Ouro, dois foram rescindidos com os consórcios vencedores, ambos a cargo de Andrade Gutierrez e CR Almeida. Um era para a construção de quatro estações – Campo Belo, Vila Cordeiro, Chucri Zaidan e Morumbi-CPTM – e outro para o pátio de manobras. O consórcio TIDP, formado por Tiisa e DP Barros, vai terminar o saldo do contrato das estações. Contudo, a estação Morumbi-CPTM será retirada do escopo e objeto da nova licitação, junto com o restante da implantação das vigas. O TIDP é responsável pelo único dos quatro consórcios que não deu problema, o da construção das estações Jardim Aeroporto, Congonhas, Brooklin Paulista e Vereador José Diniz.
Já as obras do pátio de manobras serão feitas pela Mendes Júnior, segunda colocada nessa disputa. Falta uma certidão negativa de débito prometida para hoje. A ideia é assinar o contrato ainda em abril e retomar o canteiro de obras em maio.
* As informações são do jornal Valor Econômico