Estrada do M’Boi Mirim é eleita a pior para pedestre em avaliação de ruas

Até pouco tempo atrás, avaliar a qualidade da mobilidade urbana em uma cidade como São Paulo restringia-se a uma pergunta: qual seu grau de congestionamento?

É para mudar os rumos dessa discussão que a ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos) promoveu um estudo inédito no Brasil, “Avaliando a Qualidade da Mobilidade Urbana: Aplicação de Metodologia Experimental”.

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Coordenada pelo engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos, a pesquisa escolheu trechos de 1 km de cinco vias paulistanas e investigou suas condições para cinco formas de deslocamento: a pé, em bicicleta, em motos, em automóveis e em ônibus.

Foram avaliados diversos itens para cada modal, como a largura das calçadas e das vias, semáforos, obstáculos ao fluxo, iluminação e qualidade dos pontos de ônibus. As cinco vias escolhidas foram as ruas da Consolação e Teodoro Sampaio, as avenidas Santo Amaro e Sumaré e a Estrada do M’Boi Mirim. Em cada uma, cada indicador de cada modal recebeu uma nota.

Eduardo Vasconcellos explica que não se pode dizer qual é a melhor rua no geral. “Pode-se dizer onde é melhor andar, onde é melhor usar o transporte público.”

A Rua Teodoro Sampaio foi vencedora em quatro das cinco avaliações: é a melhor para pedestres, ciclistas, motos e autos. Fica em quarto lugar apenas no caso dos ônibus.

Já a Avenida Santo Amaro foi a pior via no maior número de casos: ficou em último lugar para ciclistas, motos e automóveis. Em muitos trechos, as faixas são estreitas e, quando chove forte, certos pontos ficam intransitáveis. Mesmo nos modais em que obteve boa classificação, como no caso dos ônibus, há críticas dos usuários.

A Estrada do M’Boi Mirim também ficou nas últimas posições: é a pior via para pedestres e ônibus e a penúltima para motociclistas. Ficaria explícita a desigualdade entre periferia e centro, portanto? Eduardo Vasconcellos recomenda cautela.

“De fato, na parte central da cidade há mais cuidado, mas precisaria pesquisar mais três ou quatro vias periféricas para ser cientificamente correto. Além disso, há calçadas horríveis em todos os lugares. Calçada legal é só na Avenida Paulista mesmo.”

Se bem-sucedida e adotada em maior escala, a iniciativa da ANTP permitirá que o cidadão cobre do poder público melhorias: “O estudo oferece uma visão democrática, sendo possível replicar as boas condições de uma via em outras”, diz Eduardo Vasconcellos.

* Com informações do jornal Folha de São Paulo

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