A Associação Av. Henry Ford, Mooca e Região apresentou um documento com 29 contribuições formais à Secretaria de Parcerias e Investimentos (SPI) durante a consulta pública da Linha 16-Violeta do metrô, encerrada em 24 de novembro de 2025. Fundamentado em análises jurídicas, urbanísticas e socioeconômicas, o documento aponta inconsistências nos estudos oficiais que embasam a desapropriação de empresas no maior polo industrial ativo da cidade de São Paulo.
Impactos econômicos e sociais da Linha 16-violeta na Mooca
A região da Mooca abriga 228 empresas, emprega mais de 15 mil pessoas e movimenta cerca de R$ 9 bilhões ao ano. A Associação alerta que o impacto econômico e social da remoção dessas empresas pode ter sido subestimado nos estudos oficiais, especialmente quando comparado a áreas alternativas com menor densidade empresarial e de empregos. Entre as alternativas indicadas, destacam-se as imediações da Avenida Presidente Wilson e o antigo terreno da Cia. Antártica, que apresentam condições urbanísticas adequadas, maior disponibilidade de espaço e menor impacto sobre empresas e trabalhadores.

Análise das alternativas para o pátio de manobras da Linha 16-Violeta
Durante a audiência pública realizada em outubro, a Associação reforçou a necessidade de avaliação detalhada das áreas alternativas para a construção do pátio de manobras da Linha 16-Violeta. O antigo terreno da cervejaria Antártica, citado por um participante da audiência, não recebeu análise aprofundada de engenharia, custos econômicos e viabilidade operacional, apesar de atender às exigências técnicas para implantação do pátio. Além disso, a região da Henry Ford concentra um contingente maior de trabalhadores em relação às áreas alternativas, o que aumenta o impacto social da desapropriação.

Itens de indenização não contemplados nos estudos oficiais da Linha 16-Violeta
A Associação destaca que as estimativas oficiais não incluem integralmente diversos itens de indenização previstos na Constituição e em decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Entre esses itens, estão danos emergentes e lucros cessantes pela interrupção das operações, custos de realocação, novas licenças, reformas e adaptações, desmontagem, transporte e reinstalação de máquinas de grande porte, substituição de equipamentos depreciados, paralisação produtiva inevitável, encargos trabalhistas decorrentes de dispensas e reorganização de equipes, perda de fundo de comércio, fornecedores e carteira de clientes, além de prejuízos a locatários. A ausência desses elementos compromete a robustez dos estudos e não reflete o custo real do projeto.
Pedido de processo administrativo para avaliação criteriosa das alternativas da Linha 16-Violeta
Além das contribuições entregues à SPI, a Associação protocolou um pedido de abertura de processo administrativo na Casa Civil do Governo de São Paulo. O documento reúne argumentos econômicos, sociais e urbanísticos que indicam a inadequação da instalação do pátio na região da Henry Ford. Solicita-se uma avaliação conjunta entre a SPI e a Casa Civil das alternativas consideradas viáveis. A entidade anexou parecer urbanístico elaborado pela arquiteta Heloísa Proença, da Urbis, as 29 contribuições formais e dois vídeos institucionais que demonstram a relevância da região e os impactos previstos com a desapropriação.
Posição da Associação sobre a Linha 16-Violeta e a mobilidade em SP
O dirigente Anderson Festa ressalta que a Associação Av. Henry Ford apoia a construção da Linha 16-Violeta pela importância de garantir mobilidade à população. No entanto, destaca que a discussão não envolve a mobilidade em si, mas a consistência técnica dos estudos. Tomar uma decisão dessa magnitude sem avaliar profundamente as alternativas identificadas pode representar um risco econômico adicional para São Paulo. A entidade solicita rigor técnico e avaliação efetiva das alternativas para atender ao interesse público e preservar a vitalidade econômica da Mooca.
