Cresce 35% o número de motoristas e 18% os entregadores que trabalham com apps no Brasil, revela pesquisa do Cebrap. Dados inéditos da segunda edição da pesquisa Cebrap sobre trabalhadores por aplicativos detalham a renda média mensal líquida entre R$ 3.083 e R$ 4.400 para motoristas e entre R$ 2.669 e R$ 3.581 para entregadores, considerando uma jornada de 40 horas semanais. Os valores apresentados encontram-se acima do salário-mínimo e da remuneração média do mercado para pessoas com a mesma escolaridade.
O cenário previdenciário dos trabalhadores por aplicativo
Dados apurados em 2024 indicam um total de 2,2 milhões de pessoas atuando no Brasil, resultando em um aumento de 35% no número de motoristas e de 18% no número de entregadores em comparação com 2022. No contexto da previdência, 53% dos motoristas e 57% dos entregadores realizam algum tipo de contribuição, impulsionados pela existência de atividades paralelas. Entre aqueles que não exercem outro trabalho, a modalidade mais comum de contribuição é como Microempreendedor Individual (MEI).
Impactos das mudanças nas relações de trabalho
Um estudo da consultoria Ecoa revelou que a aplicação do regime CLT nesta categoria de trabalhadores resultaria em aumento dos custos das empresas e da carga tributária. Isso elevaria o preço das viagens em até 34% e das entregas em até 26% para o consumidor, levando à redução da demanda. Para os profissionais, o impacto resultaria em uma diminuição de 82% das oportunidades de trabalho para entregadores e de 52% para motoristas. Haveria ainda a possibilidade de uma redução nos ganhos líquidos em pelo menos 10%.
Dados financeiros e operacionais dos motoristas
A renda líquida média dos motoristas por apps em 2024 oscila entre R$ 3.083 e R$ 4.400 mensais para quem dirige 40 horas semanais, resultando em ganhos de R$ 19 a R$ 27 por hora. Para os entregadores, a renda líquida mensal para jornada semelhante varia entre R$ 2.669 e R$ 3.581, correspondendo a R$ 17 a R$ 22 líquidos por hora. Os valores superam o salário-mínimo vigente, que era de R$ 1.412 ao tempo da pesquisa, bem como à renda média para trabalhadores do setor de serviços com ensino médio completo, que era de R$ 2.392.
Perfil dos trabalhadores e suas preferências
Segundo a pesquisa do Cebrap, a única realizada com base em registros administrativos, atualmente existem 2,2 milhões de motoristas e entregadores ativos no Brasil, sendo 1.721.614 motoristas e 455.621 entregadores. A Ecoa Consultoria desenvolveu uma análise sobre os impactos econômicos de uma possível mudança no vínculo empregatício desses indivíduos, conduzindo a um aumento dos custos e da carga tributária, assim como a uma redução de 31% na demanda por serviços de transporte e 43% nas solicitações de entregas. 53% dos motoristas e 57% dos entregadores se mantêm como segurados da Previdência Social.
Regulamentação e proteção social
A AMOBITEC, entidade que organiza as maiores plataformas do país, e os estudos do Cebrap e Ecoa demonstram uma nova realidade nas relações de trabalho. Nela, a flexibilidade e a autonomia se destacam. Para o diretor-executivo da AMOBITEC, André Porto, regulamentar o setor oferece maior proteção social aos trabalhadores, além de segurança jurídica às empresas. Seu objetivo é proporcionar um entendimento cauteloso sobre as particularidades do modelo de negócio e os benefícios gerados pela tecnologia.
Flexibilidade nas jornadas de trabalho
Em relação à jornada, a pesquisa do Cebrap apurou que motoristas atuam em média entre 19 e 27 horas semanais nos aplicativos. Já os entregadores trabalham entre 9 e 13 horas semanais. Essa variação ocorre conforme o mês, considerando o tempo de espera entre viagens e pedidos. A pesquisa também aponta que, devido à flexibilidade inerente à atividade, mais de 80% dos motoristas não pretendem deixar as plataformas. Além disso, 63% afirmam que não buscam outra atividade. Muitos motoristas e entregadores utilizam os aplicativos como fonte complementar de renda, com crescimento no número de motoristas que mantêm outra atividade remunerada.
Conclusão
As análises sobre motoristas e entregadores que atuam em plataformas conduzidas pelo Cebrap e apoiadas pela AMOBITEC revelam um panorama em constante mudança. A flexibilidade e a autonomia que a economia dos aplicativos proporciona atraem muitos trabalhadores. Ao mesmo tempo, oferecem uma alternativa viável em períodos de instabilidade no mercado de trabalho. O futuro das relações laborais nesse setor dependerá da regulamentação e adaptação do modelo às mudanças da economia moderna.