O Atlas da Violência 2025 revela um cenário alarmante para a segurança no trânsito no Brasil, destacando o aumento das mortes de motociclistas. Comemoradas em julho, as datas dedicadas a motoristas e motociclistas expõem um cenário crítico de sinistros e vulnerabilidade crescente sobre duas rodas.
Atlas da Violência 2025: dados preocupantes
O número de mortes no trânsito brasileiro voltou a crescer, acendendo um alerta para a segurança nas vias, especialmente entre os motociclistas. O Atlas da Violência 2025, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revela que de 2010 a 2019, ocorreram 392 mil mortes no trânsito em todo o Brasil, um aumento de 13,5% em relação à década anterior. Mesmo com campanhas internacionais como a Década de Ação pela Segurança no Trânsito da ONU. A taxa de mortalidade por 100 mil habitantes no país aumentou 2,3%. Os dados mais recentes (2020–2023) mantêm a tendência preocupante.
Motociclistas: as principais vítimas
Um dos principais fatores relacionados ao aumento na mortalidade de trânsito no Brasil são as mortes de usuários de motocicletas, que cresceram mais de 10 vezes nos últimos 30 anos, de acordo com o relatório. Diogo Figueiredo, gerente de capacitação e treinamentos da CEPA Mobility Brasil, explica que isso se deve em grande parte ao aumento da frota de motocicletas sem o investimento proporcional em infraestrutura e gestão do trânsito. Falta de fiscalização e, principalmente, o despreparo do motociclista, sem a devida educação para o trânsito.
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Atlas da Violência 2025: uso da moto para o trabalho e medidas necessárias
O uso da moto para o trabalho aumenta significativamente a circulação e a exposição diária dos motociclistas ao risco. Criando maior pressão por agilidade e cumprimento de prazos. Isso incentiva comportamentos perigosos, como o excesso de velocidade e as manobras arriscadas. Para evitar essa situação, é preciso ampliar campanhas educativas focadas nos motociclistas e incentivar programas de formação e reciclagem. Além disso, os governos devem aumentar o investimento em infraestrutura segura e vias adequadas, bem como a fiscalização e aplicação rigorosa da lei.
Políticas públicas e desafios atuais
As celebrações do Dia do Motorista, 25 de julho, e do Dia do Motociclista, 27 de julho, deveriam reforçar o compromisso com políticas públicas para a segurança no trânsito. No entanto, o cenário atual aponta na direção contrária. De acordo com o Atlas da Violência, nos últimos anos, os recursos destinados à segurança viária sofreram cortes significativos, comprometendo investimentos em infraestrutura e ações preventivas. A redução da Cide-Combustíveis impactou diretamente os investimentos em transporte. Também houve queda expressiva na aplicação dos recursos do Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset), que, embora arrecadado via multas, tem sido subutilizado para finalidades ligadas ao trânsito. Soma-se a isso a extinção do seguro DPVAT, que indenizava vítimas e financiava atendimentos no SUS.
Conclusão
O Atlas da Violência 2025 destaca a falta de priorização institucional do tema, com impactos diretos na mortalidade nas vias brasileiras, especialmente entre os motociclistas, que são as maiores vítimas dos sinistros. A necessidade de políticas públicas eficazes e investimentos em infraestrutura segura é urgente para reverter esse cenário preocupante.