A Câmara Municipal de São Paulo segue debatendo a regulamentação do transporte individual de passageiros por motocicletas, o popular mototáxi. Na quinta-feira (6), a Comissão de Promoção Social, Trabalho e Mulher realizou uma audiência pública sobre os impactos da atividade na saúde pública e na segurança viária.
Especialistas da saúde alertam para os riscos
Autoridades como o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Zamarco, e a diretora do Samu-SP, Nádia Afif, demonstraram preocupação com o crescimento dos acidentes envolvendo motociclistas. Segundo Zamarco, 76 pessoas permanecem internadas por acidentes com moto nos hospitais municipais, e 42 aguardam cirurgia. Para ele, a ampliação da atividade pode agravar ainda mais a situação da rede de saúde.
Mototáxi preocupa hospitais e serviços de emergência
A diretora do Samu-SP destacou que o atendimento a motociclistas cresce de forma constante e afeta a capacidade de resposta do sistema. O diretor da Abramet, Áquilla dos Anjos Couto, reforçou a ligação direta entre trânsito e saúde pública, lembrando que a maioria das vítimas são jovens e muitas ficam com sequelas permanentes.
Parlamentares divergem sobre impactos da atividade de mototáxi
Durante a audiência, vereadores apresentaram dados alarmantes. Em 2024, mais de 8.800 pessoas foram internadas no estado após acidentes de moto. O vereador Paulo Frange destacou que 59% dos casos atendidos em reabilitação resultaram em deficiência permanente. Ele alertou para o impacto no sistema de saúde e na ocupação de leitos.
Alguns parlamentares se mostraram contrários à liberação do mototáxi sem regras claras. Outros defenderam a regulamentação como alternativa de renda e mobilidade, principalmente nas periferias, onde o transporte público não alcança adequadamente.
Participação popular reforça necessidade de regras
A maioria dos participantes se posicionou contra a liberação sem regulamentação. Representantes de sindicatos criticaram a falta de responsabilidade dos aplicativos. Casos pessoais foram relatados por usuários e familiares de motociclistas acidentados, reforçando o pedido por medidas que protejam os trabalhadores.
Ainda assim, houve vozes favoráveis à regulamentação, como a do motoboy Allan Neves e do representante da Students For Liberty, Heber Lima, que defenderam o direito de escolha e a importância da modalidade nas periferias.
A audiência pública terminou com o compromisso da Comissão de Saúde de manter o diálogo aberto e considerar os impactos da proposta para a saúde pública, mobilidade e segurança da cidade.