O ouvidor das polícias civis e militares de São Paulo, Claudinho Silva, denunciou uma tentativa de intimidação por parte de policiais militares da Força Tática e da Rocam durante o velório de Ryan da Silva Andrade, o menino de 4 anos morto em um confronto com a PM na terça-feira (5).
O incidente ocorreu na manhã desta quinta-feira (7), nas proximidades do cemitério da Areia Branca, em Santos. Segundo Silva, os policiais abordaram um motociclista de forma agressiva, gerando uma confusão que envolveu familiares, amigos, autoridades e representantes de movimentos sociais.
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“Quem veio tumultuar aqui foi o senhor. Respeite a vida das pessoas. O senhor veio tumultuar. O senhor agrediu o motociclista e vem falar que eu vim tumultuar. Quem veio tumultuar foi o senhor”, afirmou o ouvidor a um dos policiais.
A deputada estadual Paula Nunes (PSol) também esteve presente no local e repudiou a ação dos policiais. “Quem não está estarrecido com o que aconteceu no morro entre a noite de anteontem e ontem, quem não está estarrecido com a morte de uma criança de 4 anos não é gente”, disse Claudinho.
Polícia justifica abordagem e nega agressões
Os policiais alegaram que estavam realizando uma abordagem padrão ao motociclista, que estaria transitando sem placa. No entanto, testemunhas e o próprio ouvidor acusam os policiais de agressão.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, por meio do secretário Guilherme Derrite e do coronel Emerson Massera, porta-voz da PM, já havia defendido a ação policial que resultou na morte de Ryan, classificando os policiais como “vítimas” de criminosos.
A atitude dos policiais gerou revolta e indignação por parte da sociedade civil e de autoridades. Claudinho Silva questionou a versão da polícia e criticou a justificativa para a morte da criança. “Morreu uma criança de 4 anos, e o porta-voz da polícia vem defender redução da maioridade penal”, disse o ouvidor. “Vai reduzir a quanto? 3 anos? Esse que morreu tinha 4 anos. Qual é o crime que ele estava cometendo?”
Em nota ao Mobilidade Sampa, a Secretaria da Segurança Pública disse que vai analisar as denúncias citadas.
“A Polícia Militar vai analisar as denúncias citadas. As ações de patrulhamento preventivo e ostensivo na região foram intensificadas desde a última terça-feira (5), com unidades do policiamento de área e de outros batalhões“, disse a pasta em nota ao Mobilidade Sampa.