Um esquema de fraudes no Bilhete Único está causando um rombo de quase R$ 360 milhões por ano nos cofres do Metrô e da CPTM, segundo investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A reportagem do SP2 e do g1 flagrou a venda ilegal de créditos em diversas estações, com falsários oferecendo recargas com valores até quatro vezes maiores que o pago.
A prática, que já dura pelo menos cinco anos, tem sido denunciada pelas empresas de transporte e mobilizou uma investigação do MP-SP. A SPTrans, responsável pelo sistema, afirma estar combatendo as fraudes, mas os esquemas continuam a operar em pleno funcionamento.
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Como funciona a fraude:
Os fraudadores abordam os passageiros nas estações, oferecendo recargas de bilhete único com valores muito abaixo do mercado. A recarga é feita de forma irregular, fora das bilheterias, e os criminosos garantem que o valor creditado no cartão é muito superior ao pago.
Prejuízos milionários:
Segundo a CPTM, em 2018 houve uma perda de R$ 192 milhões devido a fraudes no sistema do Bilhete Único. O Metrô, por sua vez, identificou uma redução de receita de R$ 160 milhões no mesmo ano.
A investigação do MP-SP aponta que uma das principais suspeitas é a existência de falhas no sistema de bilhetagem da Prefeitura de São Paulo, o que facilitaria a prática das fraudes.
Ameaças e impunidade:
Os fraudadores atuam de forma organizada e não hesitam em ameaçar funcionários das estações e até mesmo a polícia. Em um dos depoimentos colhidos pelo MP-SP, um líder de segurança de uma estação da Linha 8-Diamante relatou ter sofrido ameaças de morte por parte dos criminosos.
O que dizem as empresas:
A SPTrans afirma colaborar com as investigações e ter cancelado 375 mil cartões suspeitos de fraude neste ano. A empresa também realiza campanhas para orientar os passageiros sobre os riscos de comprar créditos de forma irregular.
A ViaMobilidade, responsável pela Linha 8-Diamante, afirma realizar rondas constantes nas estações e colaborar com a polícia.
O que diz o Ministério Público:
O MP-SP pede que a SPTrans tome medidas mais eficazes para combater as fraudes e que a Polícia Civil investigue os responsáveis pelos esquemas criminosos.
As fraudes no Bilhete Único geram prejuízos para todos os usuários do sistema de transporte público, que podem pagar tarifas mais altas para cobrir as perdas causadas pelos criminosos. Além disso, a insegurança nas estações e a sensação de impunidade contribuem para um ambiente hostil para os passageiros.