Prefeitura de São Paulo contrata auditoria independente para empresas de ônibus investigadas por ligação com o PCC

A Prefeitura de São Paulo anunciou a contratação de uma auditoria independente para avaliar as empresas de ônibus Transwolff e UPBus, que operam nas Zonas Sul e Leste da capital. Ambas as empresas estão sob investigação desde abril por supostas ligações com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e atualmente estão sob intervenção do Executivo, conforme determinação judicial.

A contratação foi oficializada no Diário Oficial da última sexta-feira, 2 de agosto de 2024, pela Secretaria Executiva de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram). A Fundação Carlos Alberto Vanzolini será responsável pela auditoria, que tem um valor de contrato de R$ 1.540.000.

A Setram declarou que o objetivo é “prestar serviços de avaliação independente dos processos de operação e gestão nas concessionárias Transwolff e UPBus, apoiando o trabalho das equipes de intervenção nas empresas”. A prefeitura ressaltou que as intervenções visam garantir a continuidade dos serviços de transporte público.

A Fundação Carlos Alberto Vanzolini esclareceu que sua função será realizar uma “avaliação externa independente para fornecer subsídios à Administração Pública Municipal sobre a viabilidade econômico-financeira e operacional das empresas”, e não uma auditoria externa.

Operação Fim da Linha

As investigações contra a Transwolff e a UPBus ganharam destaque em abril deste ano, quando uma operação conjunta do Ministério Público, Polícia Militar, Receita Federal e Cade resultou na prisão de dirigentes das duas empresas, suspeitos de envolvimento com o PCC. Durante a operação, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão na capital, Grande São Paulo e cidades do interior paulista.

Em uma das residências associadas a Luiz Carlos Efigênio Pacheco, dono da Transwolff, foram encontrados armas de fogo, além de dinheiro e joias. No entanto, o advogado de Pacheco, Dr. Roberto Vasco Teixeira Leite, contestou as acusações, afirmando que “nunca foram encontrados fuzis e drogas na residência do Sr Luiz”.

O presidente afastado da UPBus, Ubiratan Antônio da Cunha, foi preso em julho. A denúncia do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) aponta que as empresas receberam mais de R$ 5,3 bilhões da prefeitura desde 2015 para operar linhas de ônibus.

A Justiça aceitou a denúncia contra 28 dirigentes e integrantes das empresas, acusando-os de crimes como organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Suspeitas de lavagem de dinheiro e tráfico

As investigações revelaram indícios de que as empresas eram usadas para lavar dinheiro do tráfico de drogas. As suspeitas de infiltração do crime organizado no transporte público datam dos anos 1990, quando o sistema era operado por perueiros clandestinos. Em 2003, a prefeitura transferiu a operação para a iniciativa privada, com parte das linhas operadas por cooperativas.

A Transwolff emergiu de uma dessas cooperativas, a Cooperpam, e ao longo dos anos, acumulou poder, assinando contratos de concessão prolongados devido a impasses burocráticos. Em 2019, a prefeitura assinou 32 contratos de concessão para 15 anos.

A UPBus também está ligada ao crime organizado. Entre seus dirigentes estava Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, assassinado em 2021. Outros sócios da empresa, como Alexandre Salles Brito e Claudio Marcos de Almeida, têm históricos criminais ligados ao PCC.

As investigações continuam, e a prefeitura, junto com a auditoria da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, busca maior transparência e controle sobre as operações das empresas de transporte público.

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