Pedro Moro deixa a CPTM menor do que quando assumiu e se junta a uma nova concessionária de trens

Pedro Tegon Moro não é mais o diretor-presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Moro era “ferroviário da casa” e estava na companhia há pouco mais de 17 anos, sendo que nos últimos cinco anos e meio ocupava a cadeira mais importante da empresa.

Quando assumiu o cargo em janeiro de 2019, sob o comando do então governador João Doria, Pedro surgiu como fonte de inspiração dentro da empresa. Por ser um colaborador da casa, os demais funcionários aspiraram por dias melhores dentro da companhia.

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  • O início da sua gestão foi marcado por diálogo com todos os setores da empresa, dando uma nova perspectiva para uma companhia cujo fim vinha sendo planejado por setores do governo.

    Nas redes sociais, o antes desconhecido Pedro Moro se tornou um sucesso. Aos domingos, ele publicava vídeos ensinando receitas, um programa que ficou conhecido como “Cozinhando com o P”. Já nos bastidores, houve uma série de reuniões, chamadas de “Encontro com o P”, onde abertamente todos os assuntos relacionados à empresa eram abordados, e o mandatário fazia questão de responder ponto a ponto cada requisito.

    Ao longo dos meses, a CPTM passou a melhorar seu índice de aprovação entre os passageiros, projetos foram retirados do papel e finalmente colocados em prática, e novos rumos foram sendo abordados dentro da companhia.

    Dentro da CPTM, Pedro Moro atuou na gestão administrativa e financeira de grandes projetos, como, por exemplo, a implantação da Linha 13-Jade. Essa linha foi a primeira a ser projetada e construída pela própria companhia, uma vez que todas as outras foram herdadas de empresas extintas na década de 90.

    Um revés da sua gestão aconteceu quando houve a concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, que passaram das mãos da CPTM para o Grupo CCR, numa controversa concessão que culminou em diversos problemas para os passageiros das duas linhas e que respingam até os dias atuais, devendo servir de modelo de como não se fazer uma concessão de transporte.

    O governo paulista não pararia por aí. Em janeiro de 2023, assumiu um novo governo, o de Tarcísio de Freitas, e Pedro Moro se manteve intacto no cargo. Nesta nova jornada, Pedro mudou sua postura como líder, e aquele ferroviário que antes inspirava os demais colaboradores tornou-se um membro do governo pronto para ajudar nos projetos, estruturações e concessões das demais linhas.

    Moro atuou na modelagem da concessão da Linha 7-Rubi e do Trem Intercidades (Eixo Norte), que vai ligar São Paulo a Campinas. O leilão aconteceu e foi vencido pela parceria entre a chinesa CRRC e o Grupo Comporte, do Brasil, formando a empresa TIC Trens S.A.

    A TIC Trens S.A. é o próximo destino de Pedro Moro como empregado. O anúncio oficial sobre a ida do ex-CPTM ainda não foi feito, no entanto, nos bastidores essa informação já é confirmada e ele deve ser um dos diretores da nova companhia.

    Quando assumiu a presidência da CPTM, Pedro era responsável por comandar uma companhia com 270 quilômetros de extensão e viu esse número diminuir concessão após concessão.

    Ao deixar a cadeira de presidente, Pedro deixa a companhia às vésperas de iniciar o período transitório com sua futura empresa e com perspectivas ainda mais claras de fim.

    Ex-presidentes trabalharam para construir uma CPTM forte e não para enterra-lá

    Todos os ex-presidentes da companhia, ao longo desses 32 anos, trabalharam para construir uma empresa sólida, com expertise no setor, e na reconstrução do sistema ferroviário paulistano. Quando foi fundada, a CPTM assumiu as linhas totalmente degradadas, com trens e estações velhas e um sistema de energia e via permanente completamente comprometido.

    Ao longo dos anos, os ex-presidentes trabalharam na recuperação da malha, reconstrução e construção das estações, aquisição de novos trens, todos com ar-condicionado e com o que há de mais moderno. O sistema elétrico foi recuperado, culminando na diminuição do intervalo entre as composições e na inserção de mais trens no carrossel. As vias permanentes, locais por onde os trens passam, também foram alvos de recuperação.

    Todo esse trabalho resultou na melhora do aspecto da companhia, que viu crescer o número de passageiros transportados, saltando de 800 mil por dia nos anos 90, para quase 3 milhões no período pré-pandemia.

    Nos bastidores da CPTM, o sentimento é de traição. Ferroviários ouvidos pelo Mobilidade Sampa esperavam a saída de Pedro Moro, mas não para uma nova empresa ferroviária, e sim para a política. Um líder que demonstrava lutar pela empresa, partir para outra que acabou de ganhar uma linha da companhia que ele comandava? Essa pergunta infelizmente nós não temos a resposta.

    Pedro Moro teve uma passagem repleta de desafios na companhia, algumas culminaram em realizações, outras em decepções, no entanto, ficará marcado como o ferroviário da casa que ajudou no fim dela própria.

    Ao Pedro Moro, o que nos resta é desejar boa sorte na nova jornada!

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