Milton Leite nega ligação com investigados em esquema de ônibus e PCC

Durante uma coletiva de imprensa nesta terça-feira (11), o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (União), afirmou que não tem conhecimento dos detalhes sobre os investigados na ação que apura o envolvimento de empresas de ônibus com o Primeiro Comando da Capital (PCC), apesar de seu profundo conhecimento do sistema de transporte da cidade.

Leite declarou: “Todos vocês sabem que eu sou profundo conhecedor do sistema de transporte da cidade. É óbvio que você conversa com todos os setores, de A a Z. Eu não tenho o CPF e o RG de cada um dos investigados, não sei quem são”.

O presidente da casa legislativa ressaltou sua proximidade com alguns investigados, que são vizinhos de seu escritório, mas afirmou não acreditar em seu envolvimento com o crime. Ele também expressou disposição para colaborar com o Ministério Público, caso seja chamado como testemunha no processo.

O MP-SP intimou Leite e o deputado federal Jilmar Tatto (PT) como testemunhas na ação judicial, que investiga a relação das empresas de ônibus com o PCC. No entanto, Leite enfatizou que não possui qualquer ligação com a facção criminosa.

Durante a coletiva, Leite também anunciou que, ao longo de seus mandatos como presidente da Câmara Municipal, devolveu mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos com economias em diversos setores.

A investigação do Ministério Público de São Paulo aponta para um esquema entre empresas de ônibus, como a Transwolff e a UPBus, e o PCC, que teria movimentado bilhões de reais desde 2015. As empresas receberam contratos de concessão da prefeitura e são suspeitas de terem ligações com membros da facção criminosa.

O promotor de Justiça Lincoln Gakiya acusou a Prefeitura de São Paulo e a SPTrans de negligência ao assinarem contratos com empresas investigadas por ligação com o PCC. Por sua vez, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que a gestão municipal não tem o papel de investigar criminalmente as empresas prestadoras de serviço público.

A operação, que teve participação do MP, da Polícia Militar, da Receita Federal e do Cade, resultou na prisão de dirigentes das empresas e na apreensão de armas e dinheiro. O MP estima que as empresas tenham recebido mais de R$ 800 milhões da prefeitura em 2023.

A investigação da Receita Federal revelou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, envolvendo empresas de fachada e movimentações financeiras suspeitas.

A operação busca asfixiar financeiramente o PCC e desarticular suas atividades dentro da gestão pública. O MP ressalta que o crime organizado está tomando proporções alarmantes no país, e é necessário combater sua influência em diversas esferas da sociedade.

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