Jacqueline Valadares, atuando como delegada de polícia em São Paulo desde 2012, ganhou destaque sendo indicada ao Prêmio de Melhor Delegada de Polícia do Brasil em 2022. Além disso, foi eleita para presidir o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo durante o triênio de 2022 a 2025.
Em uma entrevista ao Prodecast, a delegada expressou sua preocupação com o futuro da segurança pública em São Paulo, destacando os cortes e a diminuição do efetivo ano após ano. Segundo um levantamento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em fevereiro deste ano, o efetivo da polícia civil do estado de São Paulo reduziu em 19,5% entre 2013 e 2023, resultando em um déficit de aproximadamente 40% em seu quadro.
Valadares ressaltou ainda que, apesar da aprovação de novos policiais civis em concurso realizado em 2022, o governo optou por não nomear todos os candidatos aprovados, deixando a corporação com 17 mil profissionais a menos do que o necessário.
Recentemente, o governo de São Paulo gerou tensão na relação entre a Polícia Militar e a Polícia Civil ao delegar à PM a responsabilidade pela Operação Fim da Linha, que investiga o envolvimento do crime organizado com empresas de transporte público para lavagem de dinheiro. Isso causou incômodo pois, desde o fim da ditadura militar no Brasil, a Polícia Civil é a única responsável pelas investigações criminais.
Valadares explicou que essa transferência de responsabilidade enfraquece a segurança, deixando um setor descoberto e tornando a população mais vulnerável no dia a dia.
As declarações da delegada foram feitas durante a gravação do quarto episódio do Prodecast, apresentado por Clóvis Ferreira de Araújo, ex-Delegado de Polícia de São Paulo e atualmente advogado. O programa abordou as dificuldades da profissão, incluindo a perda de funcionários e o descaso do governo em atender as reivindicações do setor. O episódio completo está disponível no canal oficial da Prodetech no Youtube.