Sem fiscalização, dupla é flagrada praticando “surf ferroviário” em Osasco

Um vídeo compartilhado nas redes sociais chocou os usuários do transporte público na região de Osasco, na Grande São Paulo, mostrando dois indivíduos praticando o perigoso “surf ferroviário” em um trem da Linha 8-Diamante, operada pela concessionária ViaMobilidade. Nas imagens, a dupla é vista viajando do lado de fora do trem, aparentemente da série 7000 ou 7500, entre as estações Osasco e Comandante Sampaio, segurando-se pelas portas em movimento.

O vídeo despertou preocupação entre os passageiros, que expressaram sua inquietação quanto à falta de segurança nas linhas da ViaMobilidade. Relatos divulgados pelo perfil “Osascomunica” indicam que situações como essa são “mais comuns do que se parece”, ressuscitando uma prática que era considerada comum nas décadas de 80 e 90, mas que atualmente é proibida e extremamente perigosa.

Na época, o surf ferroviário era uma prática arriscada, onde jovens e adultos se aventuravam pendurados nos trens operados por empresas hoje extintas no estado de São Paulo, como a CBTU e a Fepasa. Um caso emblemático em janeiro de 1988 resultou na morte de um homem e no bloqueio dos trilhos, gerando revolta popular com trens incendiados e estações depredadas.

Atualmente, com avanços tecnológicos e medidas de segurança implementadas, como câmeras de monitoramento e trens que partem somente com portas fechadas, a prática do surf ferroviário ressurgir é alarmante. Este incidente destaca a necessidade contínua de investimentos em segurança e campanhas educativas para conscientização sobre os perigos associados a essas ações.

O que disse os envolvidos?

O Mobilidade Sampa contatou a CPTM para verificar se o trem em questão está sob sua operação. Em resposta, a empresa afirmou que erradicou situações semelhantes em suas linhas, pois implementou medidas de fiscalização, segurança e conscientização para erradicar essa prática. A CPTM ressaltou que não opera na região de Osasco e não possui um sistema de comunicação sonora semelhante ao mostrado no vídeo.

A ViaMobilidade, concessionária responsável pela linha 8-Diamante, também foi consultada e afirmou que o incidente retratado no vídeo não ocorreu em suas linhas. A empresa destacou que as características visuais do trem filmado não correspondem às de seus trens, embora o aviso sonoro, o trecho da linha e a cor da divisória sejam indicativos de sua operação, já que os trens das séries 7000 e 7500, como aparenta ser no vídeo, estão em operação nas linhas operadas pela concessionária.

A concessionária reprovou veementemente a prática demonstrada no vídeo, salientando que é ilegal, proibida e deve ser rejeitada por todos, inclusive pela imprensa. Além de representar um perigo para a vida daqueles que a praticam, também causa interferências na circulação dos trens, afetando toda a comunidade.

Dupla é flagrada praticando “surf ferroviário” em trem da ViaMobilidade (Vídeo: Reprodução/Osascomunica/Instagram)

Confira abaixo os posicionamentos na íntegra da CPTM e da ViaMobilidade

CPTM:

“A CPTM não registra ocorrência semelhante nas linhas administradas pela empresa desde que a prática foi erradicada pela companhia com ações de fiscalização, segurança e conscientização. Também não opera na região de Osasco, nem tem comunicação sonora semelhante à apresentada no vídeo.”

ViaMobilidade Linhas 8 e 9:

“Com relação ao vídeo publicado nas redes sociais, com o registro de um homem viajando do lado externo de uma composição ferroviária, a ViaMobilidade tem a informar que os fatos não ocorreram nas linhas operadas pela Companhia.

Muito embora inexista confirmação quanto à data da gravação, a ViaMobilidade verificou imagens das estações e de trens e não localizou nenhum registro de situação similar eventualmente ocorrida nas linhas 8 e 9 no último dia 10 de março. Ainda, as características de comunicação visual do trem filmado não espelham aquelas dos trens operados pela ViaMobilidade.

Desta forma, qualquer eventual publicação voltada ao evento não deve atrelar os fatos ao nome da ViaMobilidade, com vistas a evitar a configuração de abuso no exercício da liberdade de imprensa e exposição inverídica atentatória à imagem e reputação da Companhia, direitos personalíssimos essenciais à manutenção dos serviços públicos regularmente desempenhados.

A concessionária recrimina a prática exposta no vídeo, que constitui crime, é proibida e deve ser amplamente repelida por todos, inclusive pela Imprensa, pois coloca em risco a vida de quem a realiza, além de ocasionar problemas na circulação dos trens, afetando toda a coletividade.”