Recentemente, os funcionários do Metrô, da CPTM e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) realizaram a paralisação de suas atividades durante 24 horas, dificultando o deslocamento das pessoas na capital paulista.
A motivação da greve deve-se à reivindicação dos trabalhadores pela paralisação da privatização das linhas de transporte e da rede de água e esgoto do estado, promovida pelo governo de Tarcísio de Freitas. Os três sindicatos exigem que o governo coloque um fim aos processos de privatizações, cancele os pregões de terceirização do Metrô e consulte a população sobre a entrega das empresas públicas à iniciativa privada.
Para Fábio Andrade, professor de Relações Internacionais da ESPM e especialista em políticas públicas, a relutância dos trabalhadores do Metrô, CPTM e Sabesp é porque basicamente haverá uma mudança no ponto de vista do contrato de trabalho, que pode trazer dificuldades para eles, como mudança de regime previdenciário. “Estarão expostos a medidas de eficiência que podem ser mais exigentes e mais duras do que costumam ser, então é mais uma questão de defesa dos seus interesses e receios da possibilidade de precarização de mão de obra, diminuição de salário e possibilidade de demissões”, diz.
Por outro lado, o professor acredita que o interesse do setor privado em fazer a concessão destas empresas públicas é por uma questão de diminuição de custos. “O desejo de passar uma empresa estatal para sociedade de capital misto ou para concessão ou para uma privatização é diminuir o impacto em termos de folha de pagamento, seja no presente, seja em termos previdenciários.”
Segundo os grevistas, a concessão das linhas de transporte e da rede de água e esgoto irá piorar a qualidade dos serviços, citando o aumento das falhas nas linhas 8 e 9 da CPTM após a concessão à ViaMobilidade, como exemplo. “Tanto o serviço de transporte público quanto o serviço de saneamento básico, oferta de água tratada e esgotamento, são situações que tratam de bens públicos. Em um serviço como o transporte de São Paulo, as linhas que operam hoje, concedidas, recebem complementação do setor público, ou seja, as despesas relativas à oferta de serviço frente a receita, há um desequilíbrio em que as despesas são maiores do que a receita”, diz Andrade.