Automação da mobilidade e infraestrutura de internet

Veículos autônomos são uma realidade mais próxima do que a maioria das pessoas imagina. Não estamos falando de carros operados à distância por controles remotos, mas máquinas conectadas a GPS, informações de trânsito e outros dados que os tornam capazes de navegar sem motoristas, com auxílio de câmeras e sensores, que apoiam a tomada de decisões por meio de aplicações de inteligência artificial (IA).

Se essa descrição parece muito futurista, é importante saber que as principais montadoras do mundo, como Honda, Toyota, Hyundai, Volvo, BMW, Volkswagen, General Motors, Ford e Mercedes-Benz estão bem adiantadas no desenvolvimento de protótipos de automação nível 4 (a indústria automotiva considera, hoje, cinco níveis de automação, onde o nível 5 significa que não há nenhuma interferência humana na operação) que em breve deverão circular pelas ruas e estradas do planeta.

Além disso, empresas especializadas em caronas e entregas também enxergam os carros autônomos como modelo de negócio, e até o Google vislumbra esse mercado em parceria com a Fiat Chrisler. A Tesla, pioneira no desenvolvimento de elétricos, é outra gigante que também disputa uma fatia no setor de veículos autônomos. Segundo o gerente de Produtos da Eletronet, Célio Mello, a conectividade é a alma dos veículos autônomos, sem a qual eles simplesmente não existiriam.

“Não é qualquer conectividade, mas sim uma conexão de banda larga que garanta acesso a dados como mapas, imagens, informações de trânsito e alerta sobre eventuais acidentes, tudo em tempo real, para que as aplicações analíticas tenham tempo de decidir com precisão sobre o melhor trajeto, eventuais mudanças de percurso ou quando é necessário parar abruptamente (hoje a tecnologia permite que os veículos autônomos tenham visão ampla do entorno, a partir de dois centímetros de distância)”, explica Mello, que é engenheiro elétrico.

O especialista em infraestrutura de telecomunicações da Eletronet acrescenta que outra característica dos veículos autônomos é a sua capacidade de identificar alguma anomalia no funcionamento, ou a necessidade de reabastecer, evitando que simplesmente pare no meio da via, causando engarrafamentos ou colisões. “Sem uma internet veloz, estável e bem distribuída, somente a ideia desse cenário já se torna inviável, já que uma pequena oscilação de segundos pode ser o suficiente para que ocorra um acidente”, reforça.

Segundo Mello, a massificação dos carros autônomos é uma questão de tempo, o necessário para reforço das infraestruturas que garantam a entrega de uma internet com a menor latência possível e a multiplicação dos pontos de conexão que possibilite uma computação de borda com as informações sempre perto do dispositivo, mesmo que ele esteja em movimento, tendência também conhecida como Edge Computing, que permite melhorar o tempo de resposta ao mesmo tempo em que economiza largura de banda.

Para o executivo, o Brasil com suas dimensões continentais traz desafios para a definitiva usabilidade dos carros autônomos, especialmente nas rodovias e nas zonas rurais, onde a conectividade também deverá responder pelo crescimento da agricultura 4.0, com maquinários como aradeiras, drones e colheitadeiras sem operadores. “Há locais no País que ainda dependem de inclusão digital para o básico, onde as infraestruturas precisam ser otimizadas, mas o compartilhamento de infraestruturas de fibra óptica, operadoras e provedores ganham fôlego para estender suas redes e gerar melhorias para toda a sociedade”, conclui Mello.