Abrerpi organiza sistema de coleta de pneus inservíveis no Brasil

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a efetividade da logística reversa de pneus é ainda mais desafiadora. Depende não só do engajamento dos diversos atores envolvidos na produção, consumo, transporte e reciclagem, mas principalmente que a atividade seja economicamente viável.

Mesmo com os mecanismos legais de incentivo, como a venda de créditos das recicladoras aos fabricantes e importadores, para que a atividade seja viável em todo o Brasil ainda é preciso ir além.

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O desafio é envolver a sociedade e o poder público com a problemática do pneu velho. Reduzir custos e otimizar o sistema de coleta e transporte até a destinação final e, por fim, criar demanda pela produção das recicladoras em regiões do país em que elas ainda não foram instaladas (a maior parte da produção das recicladoras de pneus é absorvida pela indústria do asfalto-borracha ou por cimenteiras).

Com esta perspectiva de alavancar o setor, 14 empresários do ramo de reciclagem de pneus que atuam de forma regular, com as plantas industriais fiscalizadas e capacidade de produção auditada, integram a Associação Brasileira de Empresas de Reciclagem de Pneus Inservíveis (Abrerpi).

A entidade é comandada por um dos pioneiros na reciclagem de pneus no país, Joel Custodio. O Ingresso na instituição depende de criteriosa análise, mas mesmo assim, a Abrerpi vem ganhando corpo e já está presente em 135 municípios de 16 estados brasileiro recolhendo e reciclando mais de 180 mil toneladas de pneus anualmente.

Uma das iniciativas mais importantes da Abrerpi, que já ganhou inclusive visibilidade internacional, é o programa “Brasil Rodando Limpo”. Em uma das frentes de atuação do programa, a Abrerpi criou uma plataforma digital em seu site que sistematiza a logística reversa.

Autocenters, coletores e recicladores são cadastrados gratuitamente e trabalham de forma integrada. Conseguem visualizar onde há acúmulo de pneus velhos, os coletores são alertados e após a entrega nas recicladoras, é emitido um certificado de destinação ambientalmente adequada.

Em outra frente ainda mais ambiciosa, o programa identificou regiões do Brasil sensíveis, como Manaus/AM, com extensas áreas de vegetação e biodiversidade mas ainda sem processamento de pneus, e está realizando as articulações necessárias para a instalação de recicladoras.

Enquanto essa solução definitiva vai sendo articulada com autoridades locais, o Brasil Rodando Limpo disparou uma operação emergencial para reduzir o passivo ambiental de pneus na capital do Amazonas.

Com apoio da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), a Abrerpi fez duas operações e recolheu mais de 100 toneladas pneus velhos que estavam descartados nas ruas da cidade e na periferia, já em área de Floresta Amazônica.

“Nós transportamos os pneus por contêineres de caminhão até o porto de Manaus, de navio até Paranaguá/PR e novamente de caminhão até Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. Foi uma ação difícil, custosa, mas que graças ao apoio de empresários comprometidos com o meio ambiente pudemos executar com sucesso, ajudando a aliviar um pouco a sobrecarga de resíduo em Manaus”, explicou Joel Custódio, presidente da Abrerpi.

Outras duas regiões do Brasil com biomas protegidos passaram a contar com a presença da Abrerpi recentemente.  Empresários associados à entidade viabilizaram a implantação de uma unidade de reciclagem de pneus em Primavera do Leste/MT e um ponto de coleta em Ponta Porã/MS. “Faz parte do nosso plano de estarmos presentes em todo o país impedindo o descarte inadequado de pneumáticos”, completou Custodio.

O pneu velho descartado no meio ambiente leva 600 anos para se decompor, acumula água parada e acaba se tornando um nascedouro do mosquito transmissor da Dengue. Por outro lado, quando o resíduo chega na recicladora, deixa de ser um problema ambiental e seus principais componentes (aço e borracha) voltam a integrar o processo produtivo de uma infinidade de produtos.